FBI rastreia conta suíça usada para pagar a defesa de Alex Saab, o principal operador financeiro de Nicolás Maduro

Os advogados do colombiano Alex Nain Saab Moran, o principal operador financeiro do ditador venezuelano Nicolás Maduro, estão preocupados com as notícias jornalísticas do caso na imprensa internacional. Apesar de todas as denúncias contra ele, assessores do empresário colombiano saíram em defesa da legitimidade dos recursos com que paga sua representação legal. No entanto, fontes nos Estados Unidos citadas pelo jornal colombiano El Tiempo, afirmam que parte do dinheiro da defesa vem de uma conta na Suíça que está sendo rastreada pelo FBI.

O empresário colombiano foi detido no dia 13 de junho, em Cabo Verde, por lavagem de dinheiro e participação de um esquema de corrupção com o regime socialista de Maduro, e está aguardando sua extradição para os EUA.

Representantes de Saab escreveram recentemente uma carta ao El Tiempo para negar a versão do presidente da Suprema Corte de Justiça da Venezuela em exílio, Miguel Ángel Martín. O magistrado garantiu que os 65 milhões de dólares que custam a equipe jurídica de Saab provêm de dinheiros públicos do Estado venezuelano. É um caso grave de peculato, segundo Martín. Resta, no entanto, confirmar se estes fundos do Estado venezuelano foram também utilizados para a contratação dos prestigiados escritórios portugueses Abreu Advogados e Rogério Fernandes Ferreira & Associados, que coordenam a sua defesa em Cabo Verde.

As empresas que assessoraram legalmente Alex Saab em Cabo Verde estão entre as mais caras do mundo, segundo o El Tiempo. Mas os assessores de Saab insistem que a defesa é paga por sua própria família “com fundos legais”.

A equipe de Saab também está preocupada com a cobertura que o caso recebe na mídia internacional. Na carta, eles imploraram pelo respeito ao direito de defesa de Saab e pediram para proteger a confidencialidade que a profissão jurídica exige.

“O julgamento midiático a que o senhor Saab está sendo submetido pode prejudicar gravemente seu direito ao devido processo, pois todo cidadão tem direitos que devem ser respeitados”, afirmam no texto.

Na carta, eles não se referem aos movimentos de funcionários do regime ditatorial socialista de Nicolás Maduro para Cabo Verde e aos seus esforços, insistem que se trata de um cidadão colombiano e venezuelano, com status de agente especial.

Segundo setores da oposição na Venezuela, o pagamento estaria sendo executado pelo regime chavista com dinheiro dos venezuelanos e eles calculam que com esses 65 milhões de dólares poderiam comprar equipamentos e medicamentos para o combate do coronavírus chinês, ou alimentos para a população venezuelana de baixa renda.

Miguel Ángel Martín, presidente do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela em exílio, garantiu ao El Tiempo que o dinheiro com que os advogados de Alex Saab são pagos vem dos cofres do Estado.

Em relação às altas somas pagas à defesa de Alex Saab, sabe-se que apenas por estudar a viabilidade de um caso antes de assumi-lo, o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón cobra US $ 65.000.

Garzón também participou da defesa do ex-general Hugo “El Pollo” Carvajal, solicitada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e, para traçar a estratégia, o ex-juiz espanhol faturou 1,8 milhão de dólares. Uma quantia semelhante poderia ter sido cobrada pela defesa de Roberto Rincón e Abraham Sierra, acusados ??pelos Estados Unidos de fraudar a estatal venezuelana PDVSA.

A respeito dos honorários do escritório de advocacia Garzón para defender Saab, a equipe do ex-juiz recebeu um adiantamento de 4 milhões de dólares e prevê reclamar entre 5 e 12 milhões de indemnização pela alegada violação dos direitos de Saab em Cabo Verde. Ele também prometeu fazer parte da equipe jurídica que defenderá o testa de ferro de Nicolás Maduro, assim que ele for extraditado para os Estados Unidos.

Outra coisa que não se sabe sobre o pagamento da defesa de Saab é quem está pagando e quanto está faturando o restante da defesa, entre os quais se destaca Rutsel Martha, ex-assessor da Interpol. O advogado holandês participou da defesa do empresário nigeriano Kola Aluko, cujos ativos avaliados em mais de 1,7 bilhão de dólares foram congelados em 2016. Para faturar essas quantias, R. Martha lembra a seus clientes que conseguiu a eliminação de 12 Alertas Vermelhos da Interpol.

A origem dos pagamentos à Abreu Advogados também não foi divulgada. A portuguesa é a preferida de poderosas multinacionais como Google, Visa, Amazon e Marriott que litigam casos por grandes somas de dinheiro.

Por fim, a defesa inclui Rogério Fernandes Ferreira & Associados. É o escritório exclusivo a que pertence o advogado de Cabo Verde, José Manuel Pinto Monteiro. Um de seus conselheiros já teria recebido US $ 2 milhões por seus esforços.

O que não se sabe é quanto a Venezuela investiu nos voos privados, nos quais enviou seus emissários à África para interceder por Saab.