50 anos das conquistas do Tri e da Jules Rimet. Por FRANCISCO DACAL

Por FRANCISCO DACAL – Escritor e administrador de empresas

    A Copa do Mundo de 1970, nona edição, é considerada a melhor de todas as Copas, inegavelmente. Primeira a ser televisionada para todo o mundo, nela ocorreu a maior expectativa para uma partida final, quando a seleção vencedora levaria, de vez, para casa, o mais valioso troféu da história do futebol: A Taça Jules Rimet – colocada em disputa na edição inicial, o critério era de que o país que fosse campeão do torneio por três vezes, consecutivas ou alternadas, a ganharia definitivamente.      

    Esta Copa também marcou o fim da época de ouro do futebol. O romântico e o lúdico da bola no pé tornaram-se passado. Foi o limiar para a era moderna.

    Nos estádios do México brilharam craques inesquecíveis. Os ingleses Gordon Banks, Bobby Moore e Bobby Charlton. Os alemães Beckenbauer, Uwe Seeler e Gerd Muller. Os brasileiros Pelé, Gerson, Rivelino e Jairzinho; Os italianos Facchetti e Luigi Riva. O uruguaio Mazurkiewicz. E o peruano Teófilo Cubillas. 

    As únicas seleções bicampeãs mundiais, Itália, Uruguai e Brasil, até então, participaram da disputa. Chegaram às semifinais. Brasil e Itália à final, para o grande tira-teima.     

    Na tarde do dia 21 de junho, no Estádio Azteca, a Seleção Canarinha venceu com maestria a Azurra e sagrou-se Tricampeã Mundial. O Brasil ganhou, com muitos méritos, a cobiçada Jules Rimet. 

    O time: Félix – Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo – Clodoaldo, Gerson – Jairzinho, Pelé, Tostão, Rivelino. O técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo.

    A Canarinha de 70 foi uma fabulosa seleção, cantada e decantada, em prosa e verso, no universo do futebol, endeusou a bola e por ela foi endeusada. 

    No jogo de estreia e no da final, vitórias pelo mesmo placar: 4 x1, com o cerebral Gerson, o genial Pelé, o endiabrado Jairzinho e o desconcertante Rivelino apresentando um recital de jogadas que deslumbraram os diversos tipos de espectadores e críticos que tiveram a felicidade de assistir.

    Contra a Inglaterra, o jogo mais duro, pendeu para os dois lados, a vitória foi fundamental para o fortalecimento da equipe. Com um Félix salvador, o capitão Carlos Alberto se impondo e as brilhantes jogadas de Tostão e Pelé, com este dando a assistência para Jairzinho anotar o gol mais contundente da trajetória da equipe, em cima do paredão Gordon Banks, que, antes, já tinha realizado a defesa mais incrível das Copas, numa extraordinária cabeçada do mesmo Pelé. 

     Na nervosa vitória sobre o Uruguai por 3 x1, na semifinal, aconteceu a superação da sombra do trauma de 1950. O Brasil foi melhor durante os 90 minutos. O placar poderia ter sido mais amplo. Esta partida ficou notabilizada por duas belas jogadas de Pelé: um corta luz na entrada da área e uma devolução automática para o gol de uma bola vinda de um tiro de meta, ambas com o goleiro Mazurkiewicz em cena. 

     O clima da finalíssima era contagiante. Dois gigantes frente a frente, Brasil x Itália. Foi um jogo muito bem disputada no primeiro tempo, 1 x 1, gols de Pelé e Boninsegna, com marcação severa, pessoal, sobre Pelé e Jairzinho, porém nosso meio-de-campo ditava o ritmo. Na segunda parte os brasileiros foram para cima e encurralaram os italianos, vindo Gerson a marcar o segundo gol. Em seguida, Jairzinho fez o terceiro, aumentando o nível da exibição coletiva do time e o domínio em campo, mas o melhor estava por vir. Aos 42 minutos, a apoteose – com uma desarme de Tostão, na intermediária brasileira, a bola chega para Clodoaldo que dribla quatro italianos e serve a Rivelino, que lança para Jairzinho, na intermediária adversária, este conduz para o meio e cede para Pelé, que fez uma assistência, posicionado de costa, para Carlos Alberto, que vinha de trás, estufar a rede da Itália, marcando o quarto gol. A alegria foi incontrolável, e estendeu-se, em muito, após o apito final do juiz.

     Reunidos, todos os jogadores da equipe Canarinha acompanharam o capitão Carlos Alberto até a tribuna de honra onde este recebeu, em mãos, a Taça Jules Rimet, beijou-a e levantou-a para os céus, com milhões de corações brasileiros. 

    Tudo são saudades. Saudades de uma seleção de craques que vive na nossa melhor memória e no panteão futebolístico. Parabéns aos Tricampeões Mundiais de 1970!