A deputada federal e ex-aliada bolsonarista, hoje rompida e rival atroz do clã, Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou, nesta quarta-feira, dia 27, que ‘no fim da linha do esquema’ investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news está o Palácio do Planalto.
A manifestação, através de nota enviada à imprensa, veio após a operação da Polícia Federal que apreendeu celulares e computadores de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) suspeitos de financiar a disseminação de notícias falsas e conteúdo de ódio contra integrantes do STF e outras instituições.
DINHEIRO PÚBLICO – Segundo a deputada, “o esquema de produção de ataques e mentiras contra adversários políticos e a democracia” envolve dinheiro público de gabinetes de políticos ligados à família Bolsonaro e recursos de empresários com trânsito constante no Palácio do Planalto.
“O aprofundamento das investigações chegará, inevitavelmente, ao chamado Gabinete do Ódio, uma espécie de “puxadinho” do gabinete presidencial, de onde Carlos Bolsonaro comanda uma verdadeira milícia digital, que inclui políticos, assessores parlamentares, empresários e blogueiros”, denunciou a deputada.
Joice afirmou ainda que a proximidade de conclusão das investigações – que, segundo ela, comprovariam o envolvimento dos filhos e amigos do presidente –, teria motivado Bolsonaro a interferir politicamente na Polícia Federal para proteger aliados. A parlamentar protocolou, inclusive, um dos pelo menos 35 pedidos de impeachment contra o presidente que se acumulam no Congresso.
INTERFERÊNCIA – Para ela, Bolsonaro deve ser submetido ao processo, que pode levar à sua destituição do cargo de presidente, porque cometeu crime de responsabilidade por falsidade ideológica e por interferência em investigação da Polícia Federal para obstruir a Justiça e beneficiar os filhos.
Ex-líder do governo no Congresso, a deputada rompeu com o Planalto depois de um “racha” no PSL que terminou com a debandada dos Bolsonaro do partido. Joice chegou a disputar a liderança da sigla na Câmara, enquanto o presidente articulava para que o caçula, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), assumisse o posto.
FAKE NEWS – As acusações da deputada envolvendo o Planalto em esquemas de disseminação de notícias falsas e discursos de ódio já haviam sido feitas, em dezembro do ano passado, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News da Câmara dos Deputados.
Segundo Hasselmann, um dos grupos de propagadores de notícias falsas e difamações mais ativos seria o chamado “gabinete do ódio”, integrado pelos assessores especiais da Presidência da República Filipe Martins, Tercio Arnaud, José Matheus e Mateus Diniz. O grupo seria pautado, segundo ela, pelos filhos mais novos do presidente, Eduardo e Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e pelo “guru” Olavo de Carvalho.
Fonte: Estadão