Coronavírus: Alemanha promete assistência financeira a artistas afetados por cancelamentos

 

Uma visão geral na praça Bebelplatz quase vazia em Berlim, Alemanha Foto: Annegret Hilse / Reuters

Enquanto grande parte das nações ao redor do mundo luta para combater a proliferação do coronavírus, preparando-se para as consequências econômicas da pandemia, a Alemanha dá um passo extra. Nesta semana, o ministério da cultura do país prometeu assistência financeira a instituições de arte que enfrentam incertezas em meio a queda no turismo e na economia provocada pela série de restrições a eventos com elevada concentração de pessoas.

— Estou ciente de que essa situação coloca um grande fardo para as indústrias culturais e criativas e pode causar angústia considerável, especialmente para instituições menores e artistas independentes — afirmou a ministra de Estado da Cultura, Monika Grütters, em comunicado.

Desde a última sexta-feira, Berlim decretou que todas as instituições culturais da cidade permaneçam fechadas até, pelo menos, 19 de abril. Além de museus, também estão de portas cerradas teatros, óperas, salas de concerto e clubes noturnos.

‘A cultura não é apenas um luxo que se entrega durante os bons tempos’

Monika Grütters, ministra da Cultura da Alemanha

Ainda não está claro que tipo de pacote de apoio será fornecido aos trabalhadores da arte, embora a ministra tenha ressaltado que o governo tem em mente todas as “preocupações” do setor — e que as levará em consideração na elaboração de uma assistência financeira.

A ministra ainda recomendou que o governo federal receba funcionários dos setores artístico e cultural para conversas sobre medidas de ajuda.

— A cultura não é apenas um luxo que se entrega durante os bons tempos — afirmou Monika Grütters, acrescentando que, “certamente, farão falta” tais eventos e atrações de artes no dia a dia do país.

Dirigindo-se a artistas e instituições culturais, Grütters ofereceu uma nota de segurança:

— Não vou decepcioná-los. Ninguém ficará na mão — ela garantiu. — Precisamos reagir a dificuldades e emergências pelas quais não somos responsáveis e compensá-las. Isso valerá a pena não apenas para a economia, mas também para o nosso cenário cultural, que foi gravemente afetado pelos cancelamentos.

Até agora, a Alemanha possui cerca de 1.900 casos confirmados de Covid-19 e três fatalidades. A chanceler Angela Merkel afirmou que 60% a 70% da população pode contrair a doença. Em entrevista coletiva na última quarta-feira, a autoridade ressaltou que o fechamento de fronteiras não impediria a propagação do vírus e descartou a proibição de visitantes da Itália: “Este é um teste para nossa solidariedade, nosso bom senso e cuidado um com o outro”, ponderou.

Nova York: empréstimos e doações

A Alemanha não é o único lugar que considera prestar socorro financeiro a pequenas empresas e indivíduos afetados pelos impactos econômicos do Coronavírus, incluindo os que se vinculam ao setor de artes e cultura.

As galerias de artes de Nova York, nos EUA, estão entre as pequenas empresas elegíveis para receber empréstimos — sem juros — e doações em dinheiro do governo da cidade, desde que demonstrem que suas vendas caíram em 25% ou mais desde o surto.

Via O Globo