Por causa da pandemia, Justiça concede prisão domiciliar para o médium João Deus

João de Deus será monitorado por tornozeleira eletrônica

Rafael Oliveira
G1

A juíza Rosângela Rodrigues dos Santos, da Comarca de Abadiânia, concedeu prisão domiciliar a João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, de 78 anos, que foi condenado a quase 60 anos de prisão por crimes sexuais. A magistrada afirma que, entre outros motivos, a medida se faz necessária pela pandemia de coronavírus.

“Como se vê, embora esteja sendo acusado por fatos de extrema gravidade, o requerente é idoso, acometido por doenças graves, por isso inserido no denominado grupo de risco para infecção pelo coronavírus, principalmente diante das más condições da cela (paredes mofadas, insalubridade) propícia à disseminação da Covid-19”, escreveu a juíza na decisão.

GRUPO DE RISCO – O advogado de defesa de João de Deus, Anderson Van Guarlberto, disse que pediu o cumprimento da pena em casa em razão da idade avançada e dos problemas crônicos de saúde, como remissão de câncer, hipertensão e problemas de coração. A defesa diz que o cliente segue, até esta segunda-feira, dia 30, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, e aguarda a emissão do alvará de soltura.

A Gerência de Cartórios e Movimentação de Vagas da Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informa que, até as 17h30 desta segunda-feira, “não foi oficialmente notificada sobre decisão judicial que trata do cumprimento de prisão domiciliar ao custodiado João Teixeira de Faria”.

O promotor de Justiça Luciano Miranda, coordenador da força-tarefa do Ministério Público de Goiás que investiga os crimes cometidos por João de Deus, informou que, assim que tiver acesso ao conteúdo da decisão, vai recorrer.

RESTRIÇÕES – A decisão foi proferida na quinta-feira, dia 26, e impõe restrições, como a entrega do passaporte ao Judiciário, uso de tornozeleira eletrônica e proibição de frequentar a casa Dom Inácio de Loyola em Abadiânia, onde realizava sessões espirituais, e de manter contato com vítimas e testemunhas dos processos de crimes sexuais, que tramitam em segredo na Justiça.

João de Deus também não pode sair de Anápolis, a 55 km de Goiânia, onde reside. Ele deve comparecer ao Judiciário todo mês para informar as atividades exercidas na prisão domiciliar.

A decisão atende a uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça para que os Judiciários e magistrados de todo o país revejam as prisões preventivas e provisórias diante da pandemia de coronavírus.

CONDENAÇÕES – Em janeiro deste ano, a mesma juíza condenou João de Deus a 40 anos de prisão em regime fechado por crimes sexuais. No ano passado, ele pegou 19 anos de prisão pelos mesmos crimes. João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro de 2018 no presídio de Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital.

Até janeiro deste ano, João de Deus foi condenado três vezes: Por posse ilegal de arma de fogo, condenado a 4 anos em regime semiaberto, novembro de 2019; crimes sexuais cometidos contra quatro mulheres, condenado a 19 anos em regime fechado, dezembro de 2019; crimes sexuais cometidos contra cinco mulheres, sentenciado a 40 anos em regime fechado, janeiro de 2020.

Até então, a juíza ainda tem 10 processos em seu gabinete aguardando respostas de Judiciários de outros estados para voltar a dar andamento aos procedimentos.