Bolsonaro devia seguir o conselho de Bebianno e arranjar tratamento para o filho Carlos

Resultado de imagem para carlos bolsonaro

Bolsonaro tenta desconhecer a doença de seu filho Carlos

Carlos Newton

O advogado Gustavo Bebianno não era um pessoa qualquer. Receber a faixa preta da Academia Gracie, ter oportunidade de conviver com essa família muito especial, que impõe a seu entorno os valores da ética, da moral, da coragem e da disciplina, a ponto de se tornar sócio de um dos filhos do patriarca Helio Gracie, realmente isso não é para qualquer um.

Seu melhor amigo, o empresário Paulo Marinho, disse que Bebianno morreu de tristeza, e essas coisas realmente acontecem. Lembro de Carlos Drummond de Andrade, ao perder a filha Julieta, sua maior poesia. Doze dias depois, ele era sepultado junto a ela, no mesmo jazigo, e isso não foi mera coincidência.

GRIFE GRACIE – A carta a Bolsonaro traz a grife do clã Gracie, escrita com tanta nobreza e altivez que nem se refere à maneira torpe como foi excluído do governo, acusado de um crime que não cometeu (as candidatas laranjas de Minas Gerais), enquanto o verdadeiro culpado continua protegido pelo foro privilegiado de ministro do Turismo e Cultura.

A carta é de um homem religioso, iniciado em Espiritismo, que se limita a apontar a Bolsonaro os caminhos para recuperar o equilíbrio espiritual, pois Bebianno relata que o presidente está obsidiado pelo filho Carlos, que abandonou a Câmara do Rio e hoje vive em Brasília, perturbando o governo com suas redes sociais.

O texto mostra que Bolsonaro reluta em internar o filho para recuperação. E Bebianno sugere que essa omissão do presidente, que também toma medicamentos psiquiátricos, é causada por sentimento de culpa, por ter emancipado Carlos aos 17 anos, para lançá-lo candidato a vereador em 2000 e evitar a reeleição da própria mãe, Rosângela Bolsonaro, que era vereadora desde 1992 e tinha sido abandonada pelo marido, que não admitia que ela continuasse a usar o sobrenome na política.

FAMÍLIA POUCO FAMÍLIA – Antes de emancipar Carlos, Bolsonaro tentara convencer Flávio, porém o filho mais velho não aceitou trair a própria mãe e preferiu se candidatar depois a deputado estadual, usando o sobrenome do pai. Sobre esses fatos, Nélson Rodrigues diria que se trata de um plágio de “Família Pouco Família”, do dramaturgo Gerald Savory. Aliás, o patriarca Bolsonaro já está na terceira mulher e se proclama “defensor da Família”.

Carlos aprendeu a ser assim com o senhor. Foi o senhor que o ensinou, desde pequeno, a viver em confronto. Vide o que assumiu contra a própria mãe, ainda quando jovem. Essas experiências deixam marcas, Capitão. A mente humana é muito profunda e complicada. É bom estar preparado para confrontos. Viver em permanente estado de beligerância nubla a mente e a existência”, diz Bebianno na carta póstuma, assinalando:

“Ainda que o senhor bata a cabeça, tome remédios, se encha de raivas criadas por fantasias exóticas e curiosas, o FATO, a VERDADE, continuará lá no fundo da SUA consciência, impressa na SUA alma”.

TRATAR O FILHO – A mensagem de Bebianno é clara. Diz que, por não levar o filho a tratamento, Bolsonaro “se mantém preso, mantém o seu filho preso, e gera um rastro terrível de destruição à sua volta. O senhor destrói os seus principais amigos e aliados. O senhor se torna uma pessoa injusta com os outros. Além disso, alimenta e incentiva o comportamento viciado do filho, impedindo-o de se libertar do ódio”.

Em seguida, Bebianno diz ter certeza de que, daqui a pouco tempo, o problema envolverá outra pessoa, e depois outra, e depois mais outra, num rastro interminável de ódio e destruição.

“Leia a Bíblia e veja as consequências invariáveis decorrentes do ódio. O ódio é uma energia terrível e incontrolável que tudo destrói. O ódio abre o canal de sintonia com o que há de pior no mundo espiritual”, recomenda Bebianno.

CICLO DE ÓDIO – “O senhor precisa romper esse ciclo de ódio. Do fundo do seu coração, do fundo da sua alma, com toda a sua força. O senhor é um homem bom, justo, permita que isso venha à tona. Quebre os padrões negativos. Só o AMOR pode fazer isso. Só o amor tem o poder de salvar o Brasil e livrá-lo das influências negativas que o prejudicam”, acentua o ex-ministro Gustavo Bebianno, que era pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PSDB.

Conforme eu disse no início, trata-se da manifestação de um homem de respeito, que diz a verdade sem meias palavras e sem ofender. Em toda a longa mensagem, não há uma só ofensa a Bolsonaro.