Coronavírus: número de casos no Brasil passa de cem

Por Jornal Nacional

Em todo o país, o número de casos confirmados do novo coronavírus já passou de cem. O Ministério da Saúde registrou 98 casos, mas, depois da divulgação oficial, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Amazonas confirmaram mais nove novos, somando um total de 107 brasileiros com a Covid-19; 1.485 pessoas estão com suspeita da doença e 1.344 casos foram descartados, até agora.

O Ministério da Saúde considera que os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo já têm transmissão comunitária – ou sustentada – do novo coronavírus. Já não dá para saber de quem veio a contaminação.

O novo cenário muda as orientações das autoridades de saúde, mesmo nas cidades onde ainda não há a transmissão sustentada do vírus. O objetivo do governo é evitar que o contágio ganhe velocidade atingindo um número grande de pessoas ao mesmo tempo.

“Nós estimamos que, a cada três dias, o número de casos possa dobrar se nós não adotarmos nenhuma medida proposta não farmacológica, porque essa doença tem como característica a velocidade muito expressiva”, explicou Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

Alguns cuidados são de natureza pessoal. Cada um tem que ser responsável por atitudes que ajudem a reduzir a velocidade de propagação do vírus. São cuidados com a higiene como lavar as mãos com frequência, limpar e desinfetar superfícies e objetos como brinquedos e maçanetas, manter a casa abastecida com produtos de higiene, limpeza e remédios, mas, atenção para a quantidade, não vale a pena comprar produtos demais pois poderão perder a validade.

E algumas mudanças de hábito enquanto a pandemia durar como adiar eventos com muitas pessoas e aglomerações, evitar viagens, cinema, shoppings, shows. Essa medida vale especialmente para idosos e pessoas com outras doenças. Quem tiver viajado para o exterior deve fazer isolamento domiciliar de sete dias, mesmo se não apresentar nenhum sintoma.

Outra preocupação do governo é tentar evitar uma corrida desnecessária ao sistema de saúde e, dessa forma, garantir vaga para quem realmente precise.

Já as pessoas com sintomas do novo coronavírus como febre, coriza, tosse devem permanecer em casa. Só se o estado de saúde piorar é que elas devem procurar um médico. Nos postos de saúde, o ministério orienta que esses pacientes sejam atendidos o mais rápido possível para evitar que eles fiquem na sala de espera com outras pessoas.

“Os pacientes com forma leve da doença não devem procurar atendimento em pronto atendimento, nas UPAs ou serviços terciários, e utilizar a infraestrutura de suporte disponibilizada pelo posto de saúde, que trabalhará com triagem rápida”, orientou Wandserson.

Diante da mudança de condição para transmissão sustentada nas cidades do Rio e de São Paulo, o Ministério da Saúde anunciou recomendações específicas que deverão ser adotadas por toda cidade que chegar à mesma situação.

“O que muda é que, naquelas localidades onde tem transmissão comunitária, não é preciso ficar monitorando casos leves e moderados. Eu vou trabalhar com casos graves, síndrome respiratória aguda grave”, explicou Wanderson de Oliveira.

O ministério mantém a recomendação de que não deve haver pânico, mas orienta algumas medidas adicionais como reforçar o cuidado com aglomerações, indo a supermercados e lojas fora do horário de pico; empresas devem estimular o trabalho em casa ou em horários alternativos; e as escolas devem discutir a antecipação de férias. As autoridades de saúde devem ficar atentas à ocupação dos leitos de UTI. Quando a ocupação chegar a 80%, a cidade pode decretar quarentena.

“O gestor deve avaliar a possibilidade de declaração de quarentena para aquela área definida. Pode ser um bairro com muito idoso, muita circulação. Pode ser um quarteirão, uma rua, não necessariamente é a cidade inteira, pode ser o hospital”, disse Wanderson.

O governo federal também está adotando medidas restritivas para todos os servidores do Executivo, que trabalham em Brasília ou outras cidades. A partir de agora, a necessidade de cada viagem internacional de um servidor deve ser reavaliada. O funcionário que viajar para fora do Brasil e apresentar sintomas na volta deve trabalhar a distância por 14 dias. Se não tiver sintomas, mesmo assim deve ficar em casa, mas por sete dias.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que teve contato com senadores que participaram da viagem do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos, decidiu fazer o exame para o novo coronavírus. O resultado ainda não saiu.