Manuel Hazaña – Da sombra que somos

     Manuel (H)Azaña Díaz nasceu em Alcalá de Henares, Espanha, em 10 de janeiro de 1880 e faleceu em  Montauban, 3 de novembro de 1940.  Foi um político espanhol, segundo e último presidente efetivo da Segunda República Espanhola.

Além de ter sido um dos políticos e oradores mais importantes na política espanhola do século XX, foi um notável jornalista e escritor, que conseguiu o Premio Nacional de Literatura em 1926. Sua obra La velada en Benicarló, sobre a Guerra Civil Espanhola é uma interessante reflexão a respeito da década de 1930 na Espanha. Os seus Diários -feitos a conhecer poucos anos há- são um dos documentos mais importantes deste momento histórico. Ficou órfão ainda criança, e estudou no mosteiro do Escorial com frades agostinianos.

Licenciou-se em Direito pela Universidade de Saragoça em 1897. Doutor em Direito pela Universidade Central de Madrid em 1900, com uma tese intitulada A responsabilidade das multidões, concursou à Direção General dos Registros e do Notariado.

Em 1914 afiliou-se ao Partido Reformista liderado por Melquíades Álvarez, sendo esse mesmo ano eleito secretário do Ateneu de Madrid. Por esse partido foi candidato a Deputado pela povoação toledana de Puente del Arzobispo, sem sucesso. Em 1920 fundou a revista La Pluma junto com quem, passando o tempo, seria o seu cunhado Cipriano Rivas Cherif; em 1922 dirige o semanário España.

Muito crítico com a ditadura de Primo de Rivera, publicou em 1924 um enérgico notório contra o ditador e contra o rei Afonso XIII, fundando ao ano seguinte com José Giral o partido Ação Republicana.

Participou em 1930 no Pacto de San Sebastián, gérmen do futuro governo republicano que surgiria do resultado favorável às candidaturas republicanas nas eleições municipais do 12 de Abril de 1931 e o subsequente abandono do país por parte do rei Afonso XIII.

Nomeado ministro da Guerra no Governo provisório da Segunda República, a 14 de Abril de 1931, substituiria depois a Niceto Alcalá-Zamora como presidente do Governo provisório (em Outubro do mesmo 1931), devido à demissão deste ao ser aprovado o artigo 14 (finalmente 16) da Constituição, dedicado à questão religiosa. Durante o debate deste artigo, Azaña, que interveio na sua qualidade de deputado, pronunciou um dos seus mais famosos discursos, no que incluía a famosa frase “Espanha parou de ser católica”.

Como presidente do governo de coligação republicano-socialista levou a cabo as principais reformas previstas no programa republicano: reforma do Exército, dimensionando-o de acordo às capacidades do país e do erário público; reforma agrária; reforma do ensino, potenciando a pública; estatuto de autonomia da Catalunha, etc. Teve, além disso, tempo para estrear o seu drama La Corona.

Todas estas questões políticas, junto com a agitação social existente em grande parte do país, acarretar-lhe-ão múltiplos problemas com os poderes fáticos, especialmente com a Igreja Católica e com parte do Exército, em concreto dos seguidores do general José Sanjurjo em Agosto de 1932. Finalmente, os acontecimentos de Casas Viejas, Castilblanco e Arnedo motivaram o seu cesse, a 8 de Setembro de 1933, por parte do presidente Alcalá-Zamora.

A 19 de Novembro de 1933, triunfou a coligação formada pelo Partido Republicano Radical de Alejandro Lerroux e a Confederação Espanhola de Direitas Autônomas (CEDA) de José María Gil-Robles, o que trouxe como consequência a sua retirada temporária da política e a sua volta à atividade literária e editorial. Desta data são os livros Una política e En el Poder y en la Oposición, recompilações de discursos parlamentares.

O afastamento político durou pouco, e em 1934 fundou o partido Esquerda Republicana, fruto da fusão de Ação Republicana com o Radical-Socialista, liderado por Marcelino Domingo e a Organização Republicana Galega Autônoma (ORGA) de Santiago Casares Quiroga.

A revolução de 1934 nas Astúrias e em Barcelona serviu como pretexto para o acusar de instigador dos mesmos, pelo qual o encarceram a bordo do destróier Sánchez Barcáiztegui, ancorado no porto em Barcelona, resultando finalmente absolvido no processo judiciário, acontecimento que narra no seu livro Mi Rebelión en Barcelona.

A 16 de Fevereiro de 1936, resulta vencedora a coligação de partidos de esquerda denominada Frente Popular, sendo Azaña encarregue de formar governo. Após a destituição de Alcalá-Zamora, foi nomeado Presidente da República a 10 de Maio de 1936.

O começo da guerra civil, após as suas inúteis tentativas de conscientizar as diferentes forças políticas republicanas dos perigos da sua desunião, supõe um duro golpe para Azaña. A isto é adicionada a solidão a que o relegou, em Madrid, o Governo republicano. O posterior desenvolvimento da contenda piorou o seu estado de ânimo, como fica refletido nas suas memórias, onde relata os seus desencontros com líderes do governo, como Francisco Largo Caballero e, especialmente, Juan Negrín.

A 18 de Julho de 1938, ante as Cortes reunidas em Barcelona, pronunciou o célebre discurso no que instava à reconciliação entre os dois bandos, sob o lema Paz, Piedad, Perdón.

Ocupada Barcelona pelo exército sublevado a 26 de Janeiro de 1939 e Gerona a 5 de Fevereiro, este mesmo dia retira-se a França. A 27 do mesmo mês, ao reconhecer a França e a Grã-Bretanha o governo ditatorial do general Franco, apresentou a sua demissão como Presidente da República, sendo substituído com caráter provisório por Diego Martínez Barrio.

Refugiado no Roselhão, com média França ocupada pelo exército alemão e outra média sob administração do governo títere de Pétain, é vigiado e fustigado sem cessar por agentes do regime ditatorial do general Franco, que pretendiam a sua captura e deportação à Espanha. Finalmente, a Gestapo decidiu detê-lo. O embaixador do México frente do regime de Vichy, Luis I. Rodríguez, apercebido aparentemente pelos próprios alemães, conseguiu livrar o presidente dos seus captores e transladá-lo, numa difícil viagem em ambulância, para Montauban, em primeiro lugar ao 34 da Rua de Michelet e logo ao Hôtel du Midi, onde a legação mexicana utilizou vários quartos como sede provisória, na que se refugiaram numerosos espanhóis exilados na espera de poderem fugir da França.

Azaña instalou-se com a sua esposa no quarto número 11 do Hôtel du Midi, o mesmo que usava como moradia e escritório o embaixador (e onde há ainda uma placa que lembra esse fato). Ali, prematuramente envelhecido e esgotado pela penúria sofrida, faleceu a 4 de Novembro de 1940.

O marechal Pétain proibiu que fosse enterrado com honras de Chefe de Estado: somente acedeu a que fosse coberto o seu féretro com a bandeira espanhola, na condição de esta ser a bicolor tradicional, e em jeito algum a republicana. O embaixador do México decidiu então que fosse enterrado coberto com a bandeira mexicana. Segundo conta nas suas memórias, Rodríguez disse ao prefeito francês:

” – Cobri-lo-á com orgulho a bandeira do México- Para nós será um privilégio; para os republicanos, uma esperança, e para vocês, uma dolorosa lição.”

Os seus restos repousam no cemitério de Montauban (Trapeze Q, Section 7). Deixou escrito que não se movimentassem do sitio onde repousassem.

Existe a Associação Manuel Azaña, que gere uma livraria e organiza atos culturais na Espanha.

Fonte: Wikipédia

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