Ele era um dos homens mais poderosos do Irã, muito próximo do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, e considerado a principal figura de inteligência militar no país.
O major-general liderava desde 1998 a Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, e era apontado como o cérebro por trás da estratégia militar e geopolítica do país.
Além Soleimani, o ataque com drone matou:
- Abu Mahdi al-Muhandis, chefe de milícias do Iraque que eram apoiadas pelo Irã, as Forças Populares de Mobilização
- Mohammed Ridha Jabri, porta-voz das Forças Populares de Mobilização
A comitiva havia chegado no aeroporto de Bagdá em um voo vindo da Síria, de acordo com militar ouvido pelo “New York Times”.
Fama e popularidade no Irã
Soleimani era muito próximo do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e sobreviveu a diversas tentativas de assassinato nas últimas décadas.
Sob liderança de Soleimani, o Irã reforçou o apoio ao Hezbollah, no Líbano, e outros grupos militantes pró-iranianos.
O general expandiu a presença militar do seu país na Síria onde organizou a ofensiva do governo de Bashar al-Assad contra grupos rebeldes durante a guerra civil que assola o país. Ele também armou milhares de milicianos xiitas muçulmanos que lutavam ao lado das tropas aliadas de Assad.
No Iraque, ele apoiou um grupo xiita paramilitar que ajudou a combater o Estado Islâmico.
Carismático e muitas vezes evasivo, o comandante de cabelos grisalhos era reverenciado por alguns, odiado por outros, além de motivo de mitos e memes nas redes sociais.
De acordo com a BBC, ele ganhou os holofotes nos últimos anos após uma vida inteira nas sombras, dirigindo operações secretas para alcançar fama e popularidade no Irã. Recentemente, ele foi retratado em reportagens, em documentários e até citado em músicas pop.
A correspondente da BBC Lyse Doucet conta que o general era visto como o mentor dos planos mais ambiciosos do Irã no Oriente Médio, e como o verdadeiro ministro das Relações Exteriores do país em questões de guerra e paz.
Aumento da tensão Irã x EUA
Sua morte tem um grande impacto em um momento de escalada de tensão entre os EUA e o Irã, que se reflete especialmente no Iraque. Os principais líderes iranianos, entre eles o aiatolá Ali Khamenei, falaram em vingança após a morte do general.
Desde o fim de outubro, militares e diplomatas americanos foram alvo de ataques, e na semana passada um funcionário dos EUA morreu em um bombardeio com foguetes.
A crise subiu de patamar na terça (31), quando milicianos iraquianos invadiram a embaixada americana em Bagdá. Trump acusou o Irã de estar por trás da ação e prometeu retaliação. De acordo com o Pentágono, Soleimani teria aprovado os ataques à embaixada.
A invasão da embaixada foi uma resposta a um ataque americano na fronteira com a Síria que matou 25 combatentes das Forças de Mobilização Popular do Iraque no domingo (29).
Nesta sexta (3), manifestantes foram às ruas de Teerã para protestar contra o ataque que matou o general Qassem Soleimani.
O comentarista Guga Chacra, da GloboNews, diz que as consequências serão gravíssimas no Oriente Médio.
O professor de Relações Internacionais Tanguy Baghdadi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o ataque é “catastrófico” e prevê uma forte reação do Irã.
“Para a estabilidade regional a gente não poderia imaginar um cenário mais tenso. O Iraque é um país muito fundamental. Não é por acaso que a gente teve guerra na década de 90. Sempre foi um espaço de disputa entre o Irã e, nas últimas décadas, os EUA”, diz o especialista.
Em abril de 2019, os Estados Unidos designaram a Guarda Revolucionária do Irã como uma organização terrorista. Foi a primeira vez que Washington rotulou formalmente uma unidade militar de outro país como terrorista.
A Guarda Revolucionária Iraniana é uma organização criada após a Revolução Islâmica de 1979. Na ocasião, o governo do país passou a ser supervisionado pelo clero. É uma espécie de exército paralelo que responde somente ao aiatolá Ali Khamenei, que ocupa o posto há 30 anos.
Fonte: G1