Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan, deixa prisão domiciliar no Japão e viaja ao Líbano

Ghosn estaria “cansado de ser um refém político-industrial”

Deu no O Globo

O executivo Carlos Ghosn, que responde a quatro processos no Japão, desembarcou no aeroporto internacional Rafic al-Hariri, em Beirute, no Líbano, na noite de domingo. De acordo com o Financial Times, a viagem foi confirmada por fontes próximas à família do ex-presidente da aliança Renault–Nissan, assim como pela imprensa local.

Ainda não está claro se Ghosn, que tem cidadania brasileira, francesa e libanesa, fugiu da prisão domiciliar que cumpria no Japão ou conseguiu algum acordo para a viagem. Autoridades japonesas e libanesas ainda não se manifestaram.

JATO PARTICULAR – Segundo o jornal local L’Orient-Le Jour, Ghosn chegou a Beirute no domingo, a bordo de um jato particular vindo da Turquia.  Fontes de segurança libanesas confirmaram à agência AFP que Ghosn desembarcou no país.

“Ghosn chegou no domingo ao aeroporto de Beirute”, disse uma fonte, enquanto outra acrescentou que “a forma como deixou o Japão não está clara”. Mas as informações são desencontradas.

REFÉM – Segundo o Wall Street Journal, o executivo chegou nesta segunda-feira ao Líbano. Ele teria deixado o Japão por não acreditar que teria um julgamento justo, informou uma fonte ao jornal americano, dizendo que Ghosn estaria “cansado de ser um refém político-industrial”.

A expectativa é que ele organize uma coletiva de imprensa nos próximos dias, para explicar a viagem inesperada. Já a rádio francesa Europe 1 afirmou, citando assessores de Ghosn, que ele não queria falar antes que as autoridades japonesas se pronunciassem.

DENÚNCIAS – Considerado um dos mais importantes nomes da indústria automotiva,  Ghosn foi preso em novembro de 2018, alvo de quatro denúncias por malversação financeira, incluindo sonegação de impostos. Ele chegou a ser liberado em março deste ano, depois de pagar uma fiança de 1 bilhão de ienes, mas voltou a ser preso no mês seguinte.

Após pagamento de nova fiança, de 500 milhões de ienes, foi liberado no dia 25 de abril e, desde então, cumpria prisão domiciliar na capital japonesa. Pelo acordo fechado, Ghosn poderia deixar seu apartamento apenas na companhia de policiais e promotores, além de um detetive particular.  O julgamento está previso para abril de 2020.

“AÇÕES ILEGAIS” – Ghosn nega as acusações. Sua defesa chegou a acusar as autoridades japonesas de “ações ilegais” e pediu a anulação do processo, alegando que o executivo é vítima de conluio entre dirigentes da Nissan e funcionários do Ministério da Indústria e Comércio japonês para afastá-lo do cargo e frustrar o projeto de integração entre Nissan e Renault.

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