Livro sobre poesia social de Carlos Pena Filho lançado em evento no Recife

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O lirismo e os tons de azul das poesias do pernambucano Carlos Pena Filho despertaram a atenção do então jovem escritor Luiz Otávio Cavalcanti. A referência ao estado natal e a sensibilidade nas obras foram decisivas para que decidisse se aprofundar nos trabalhos do poeta anos atrás. Os estudos desaguaram no livro Uma poesia social em Carlos Pena Filho, que tem apoio cultural da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).
O lançamento será realizado nesta quinta (12), a partir das 16h, no Museu do Estado (Mepe), nas Graças, dentro do evento Entrar no acaso e amar o transitório – 90 anos de Carlos Pena Filho, realizado numa parceria da Cepe com a Secretaria Estadual de Cultura. Dança, cinema e mesas de debate também integram a programação. O encontro foi batizado com o último verso do poema A solidão e sua porta, de autoria do homenageado e dedicado ao artista visual Francisco Brennand. A entrada é gratuita.
Carlos Pena Filho começou a escrever ainda jovem. Aos 18 anos, publicou no Diario de Pernambuco o soneto Marinha. Continuou publicando seus poemas em suplementos nordestinos e também publicações do Sul do país. “Essa ideia do azul das poesias e essa coisa forte de Pernambuco me chamaram a atenção. Ele era conhecido como poeta do azul, mas não fui apenas pelo azul. Quando fui aprofundando os estudos sobre ele, fui percebendo que a sua poesia tem uma conotação social muito forte. Nos seus escritos, ele fala da fumaça das fábricas, dos braços das lavadeiras do Capibaribe, da pobreza do Recife, do Sertão… Ele falava da brevidade da vida, do desapego das coisas e da subjetividade das pessoas. Amava as pessoas”, explica o autor Luiz Otávio, de 70 anos, que já foi diretor-superintendente do Diario.
Ele conviveu com a leitura desde a infância e nutriu forte interesse pelos poetas pernambucanos. O interesse pelo trabalho de Pena Filho veio de forma natural. Reunindo o conhecimento que adquiriu ao longo dos anos, Otávio se dedicou a um estudo efetivo para produzir o livro. “Quando eu tomei a decisão de escrever o livro, fui procurar Maria Tânia, que foi casada com ele e inspirou um dos maiores poemas do artista”, conta.
Durante a realização do livro, Luiz Otávio evidenciou problemáticas que o motivaram ainda mais a produzir o trabalho. Segundo o autor, só havia uma publicação sobre Carlos Pena Filho e, consequentemente, a população mais jovem não conhecia muito a história do poeta, que foi um dos grandes nomes do movimento literário da geração de 1945. “Carlos Pena foi um lirista, um anunciador, um poeta que se antecipou no tempo, como na ecologia, por exemplo, que hoje em dia é uma coisa tão atual. Eu queria fazer um livro que falasse do compromisso social de Carlos com o povo e contribuísse com o legado dele”, conta Luiz.
A abertura do evento de lançamento do livro contará com performance artística Sobre mosaicos azuis, com Januária Finizola. Dentro da programação, o escritor Samarone Lima falará, em uma mesa ao lado de Luiz Otávio e do poeta Paulo Gustavo, sobre sua relação com Carlos Pena Filho, que inspirou o nome de seu sebo Casa Azul. “Conheci o Soneto do desmantelo azul quando os ônibus do Recife vinham com poemas. Fiquei impressionado com a profundidade da poesia dele e comecei a copiar. Deixei passar três paradas após meu ponto para copiar tudo”, conta Samarone.
Em seguida, será exibido o curta-metragem Palavra plástica (2011), de Léo Falcão, feito a partir de imagens poéticas sobre a vida do poeta Pena Filho. O músico André Rosemberg apresenta o seu projeto, Rosembac, que conta com o poema A solidão e sua porta, musicado por ele com participação de neta do poeta, a figurinista Joana Pena. Na ocasião, Joana também apresenta os vestidos remanescentes da coleção Para fazer um soneto, apresentada em 2005, no extinto Recife Fashion.
“Eu tinha essa vontade de trabalhar com o imaginário da poesia dele. Ao menos ao que me remetia na época, que era muito o visual. Hoje conheço mais sua obra e vejo outros vieses. Quando lia, tinha a sensação de quase tocar nas cores”, diz Joana, que coloriu e encheu de versos suas peças.

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