Fracasso no leilão do pré-sal? Que venha um desses por dia, para salvar o país

A Petrobras vai explorar o campo gigante de Búzios

J.R Guzzo
Metropoles.com

O leilão gigante das licenças para exploração de petróleo do fundo do mar, que acaba de ser realizado no regime de “cessão onerosa”, foi descrito na maioria das manchetes como uma “frustração”, “decepção”, “revés”, “malogro”, etc., etc., dentro da vaga ideia geral de que houve, no fundo, um fracasso – um fracasso do “governo”, é claro.

A expectativa das autoridades da área era arrecadar um pouco acima dos 100 bilhões de reais e vender as quatro áreas licitadas. Não deu. Em algum ponto da operação alguém errou nas contas, e o valor ficou abaixo do previsto – mesmo porque não houve nenhuma oferta para duas das áreas, o preço de venda foi apenas o que se pediu no edital e as grandes empresas internacionais de petróleo não se interessaram pelo negócio nas condições em que ele foi proposto.

OUTROS DETALHES – Mas quem leu mais do que os títulos do noticiário ficou sabendo de um ou outro detalhe que talvez tenha algum interesse. O primeiro deles é que o leilão rendeu 70 bilhões de reais para o Tesouro Nacional. O segundo é que este leilão foi o maior jamais realizado na história da exploração do petróleo no Brasil – na verdade, os 70 bi que a União encaixou são a maior soma já levantada até hoje no mundo em um leilão do setor petroleiro.

O terceiro é que, antes de se fazer o leilão, tudo o que foi vendido não rendia um tostão furado para ninguém – pois petróleo só vale alguma coisa depois que você paga para tirá-lo do chão. Enquanto está enterrado no fundo do mar, o seu valor é igual a zero mais zero.

OUTRA DECEPÇÃO? – O mesmo tipo de cara feia apareceu no leilão imediatamente seguinte. A arrecadação foi de apenas 5 bilhões de reais, quando a expectativa era de levar 7. Não parece uma tragédia, num mercado petroleiro mundial que anda arisco e preocupado, no momento, em sentar em cima do próprio caixa. Vida que segue. As áreas não vendidas agora serão licitadas outra vez.

Os termos exigidos dos compradores poderão ser revistos nos próximos leilões. Em nenhum lugar está escrito que o vendedor vai sempre vender o que colocou à venda. A bolsa caiu? Caiu. Mais adiante vai subir. O dólar subiu? Subiu. Mais adiante vai cair. O erário público gostaria muito de ter um fracasso desses por dia.

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