Exame detecta novo coágulo e Bruno Covas permanece internado

Prefeito continuará despachando do hospital Sírio-Libanês, no centro de São Paulo, onde permanece internado para ‘adequação de anticoagulação’

Por Vinícius Passarelli e Bruno Ribeiro

Um novo coágulo descoberto no coração adiou a alta médica do prefeito Bruno Covas (PSDB), que segue indefinida. Um ecocardiograma realizado no domingo, 3, apontou um trombo no átrio direito.

O  local fica bem próximo da ponta do cateter pelo qual Covas recebeu, na semana passada, a medicação para combater um câncer que atinge seu sistema digestivo.

O prefeito continuará despachando de seu apartamento no Hospital Sírio-Libanês, na Bela Vista, região central de São Paulo. Nesta segunda-feira, 3, esteve com cinco secretários. Há possibilidade de que, na quarta-feira, 6, uma entrevista coletiva seja marcada para lançar uma nova iniciativa do governo, que ainda será definida, o que ajudaria a trazer ares de normalidade à gestão, na visão de seus auxiliares. O presidente da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), próximo na linha sucessória da cidade, está fora de São Paulo até o fim da semana que vem. Se Covas tiver de se licenciar, quem assumirá o cargo é o primeiro vice-presidente da Câmara, Milton Leite (DEM) até a volta de Tuma.

Tratamento. Segundo o infectologista David Uip, que chefia a junta médica que acompanha o prefeito, o câncer de Covas tem por característica criar novos coágulos: ela já havia feito surgir um coágulo na perna e, depois, nos dois pulmões. “Por isso, entendemos (esse câncer como) uma doença paraneoplásica” – que causa outras doenças. Assim, de acordo com Uip, o novo trombo não foi “uma surpresa” para a junta médica. “Não muda nada a rotina dele. Ele segue sem sintomas, muito bem.”

Depois do ecocardiograma realizado no domingo, que apontou o coágulo, Covas fez uma angiotomografia arterial e venosa do tórax. É um exame complementar que, se por um lado confirmou o novo coágulo, por outro indicou que houve “uma melhora na tromboembolia” dos pulmões, segundo Uip.

A confirmação do novo problema fez com que os médicos mudassem a medicação anticoagulante que Covas já vinha tomando. No lugar de remédios subcutâneos (debaixo da pele), ele passou a tomar remédios por via venosa (na veia). “Não tem nada que ele esteja fazendo fora do que recomenda a equipe médica. Eles está absolutamente dentro do que combinamos”, disse Uip.

O surgimento do novo coágulo não é indicativo de que o tratamento do câncer não trouxe o resultado adequado, segundo o médico. “Isso (novo coágulo) acontece muito. Nós estamos muito habituados (a ocorrências assim)”, afirmou Uip. “Como esses cateteres ficam meses (no paciente) é muito comum você achar eventualmente um embolo (coágulo).”

A previsão inicial é que Covas faça uma nova sessão de quimioterapia daqui duas semanas. No total, serão três sessões. Ainda segundo Uip, nem o novo coágulo nem a mudança da medicação são fatores que impedem que o prefeito se submeta à nova sessão – a avaliação passa por exames prévios que avaliam, por exemplo, a quantidade de glóbulos brancos no corpo.

Entenda a cronologia do caso de Bruno Covas

O prefeito foi internado no dia 23 de outubro para tratar um quadro de erisipela, doença infecciosa da pele e que normalmente atinge os membros inferiores do corpo. Dois dias depois, durante um exame de pet scan, Covas foi diagnosticado com trombose venosa das veias fibulares, que ficam na perna.

Na sequência, exames constataram tromboembulismo pulmonar e tumores no trato digestivo. No dia 27, a análise dos tumores apontou que as lesões eram malígnas e se espalharam para outras partes do aparelho digestivo: no fígado e em linfonodos da região abdominal.

Covas permaneceu no hospital devido à tromboembolia pulmonar, que obriga seu acompanhamento médico constante. Na última terça-feira, 29, o prefeito passou pela sua primeira sessão de quimioterapia. A expectativa era de que ele poderia obter alta do hospital nesta segunda, 4, mas a detectação deste novo coágulo deve adiar sua ida para casa.

Segundo a equipe médica, o prefeito deve passar por mais duas sessões de quimioterapia, sendo que a próxima deve ocorrer dentro de duas semanas. Os médicos ainda não descartam que, depois das medicações, Covas tenha que passar ainda por algum procedimento cirúrgico.

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