PF deflagra nova fase da Lava Jato e mira ex-dirigentes de Petrobras e empreiteiras

Mandados de busca e apreensão são cumpridos em três estados

Pedro Prata,
Pepita Ortega e
Fausto Macedo
Estadão

A Polícia Federal deflagra na manhã desta quarta, dia 23, a fase 67 da Operação Lava Jato para apurar corrupção passiva, ativa e lavagem de capitais. A operação tem apoio do Ministério Público Federal. Denominada Tango & Cash, a operação mira uma empreiteira ítalo-argentina que compunha cartel de empresas formado para vencer e abjudicar licitações das grandes obras da Petrobras.

Foi determinado o bloqueio de bens no valor de R$ 1,7 bilhão dos investigados. Segundo os investigadores, um dos ex-diretores da estatal teria recebido, entre 2008 e 2013, US$ 9,4 milhões. A propina foi paga mesmo após ele ter deixado o quadro da empresa em 2012.

Um dos alvos de pagar propinas na Petrobras é a multinacional Techint Engenharia, que fabrica placas de aço e tem negócios no ramo do petróleo como oleodutos, gasodutos e das usinas de energia. Há indícios que o grupo criou offshore para gerir fundos ilegais e pagar propinas em diferentes países. A Techint era uma das empreiteiras envolvidas na Lava-Jato que haviam sido impedidas de firmar contratos com a União, mas teve sua punição revertida pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

‘TANGO & CASH’ – Esta nova etapa da Lava Jato foi batizada de “Tango & Cash”. De acordo com a PF, o nome remete aos valores de pagamento de propina à dupla nacionalidade do grupo investigado, que é ítalo-argentino. O cartel, chamado de “O Grupo”, chegou a ser formado por 16 empresas. “O Grupo” passou a aceitar que outras empreiteiras participassem do cartel em 2006. Até então, nove empresas faziam parte. A multinacional onde são cumpridas as buscas integrava o cartel desde o início, conforme a PF.

Os investigadores acreditam que as propinas pagas correspondiam a 2% do valor de cada contrato, o que pode ter gerado o pagamento de R$ 60 milhões em propina. Cerca de cem agentes cumprem 23 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Campinas e Barueri, no Estado de São Paulo; no Rio de Janeiro, Petrópolis, Niterói e Angra dos Reis, no Rio; e em Matinhos, no Paraná. Os mandados foram expedidos pela 13ª. Vara Federal de Curitiba.

EMPRESAS OFFSHORE – A fim de dar aparência de licitude ao pagamento de propinas, o grupo empresarial investigado repassava valores via empresas offshore a ex-diretores e ex-gerentes da Petrobrás, mediante a celebração de contratos fraudulentos de assessoria/consultoria.

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