Com a benção de Lula. Por Ricardo Noblat

Por Ricardo Noblat (foto)

Até seus adversários mais ferrenhos dentro do partido dão como certa a candidatura do ex-deputado federal Jilmar Tatto a prefeito de São Paulo pelo PT. A situação dele ficou ainda mais confortável com o anúncio feito ontem por Fernando Haddad de que não será candidato em hipótese alguma.

“Quero poder viajar pelo país para participar da campanha de todos os candidatos do PT que me queiram em seus palanques”, disse Haddad. Sua mulher deverá ser candidata a vereadora. Outro aspirante a candidato a prefeito também anunciou sua desistência – José Eduardo Cardoso, ex-ministro da Justiça do governo Dilma.

O deputado federal Carlos Zarattini ainda se diz disposto a concorrer com Tatto à indicação do partido para candidato a prefeito – mas nem ele nem seus apoiadores acreditam nas próprias chances. Tatto conta com o apoio da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária dentro do partido.

De Curitiba, onde está encarcerado, o ex-presidente Lula já abençoou a candidatura de Tatto por meio da deputada Gleisi Hoffmann, presidente do partido. O PT concorda em apoiar candidatos a prefeito de outros partidos no Rio, Recife e Porto Alegre, por exemplo, mas na capital paulista não.

Tatto é filiado ao PT desde 1981. Já foi deputado estadual e duas vezes federal. Nas últimas eleições, disputou uma das duas vagas ao Senado. Ficou em sétimo lugar. Atraiu 771.680 votos (7,9% do total). Eduardo Suplicy, o outro candidato do PT ao Senado, obteve mais que o dobro dos votos dele – 1.663.539 (17,15% do total).

Disputa pela chave do cofre

Se ao menos Jair Bolsonaro e seus filhos, e Antônio Bivar e a turma dele fingissem que disputam o controle do PSL para levá-lo mais para a direita ou mais para o centro, uma vez que para a esquerda seria impensável, as aparências estariam salvas.

Mas, não. O presidente da República e o presidente do partido disputam a posse da chave do cofre do PSL empanturrado de dinheiro público dos fundos eleitoral e partidário. Trata-se de muita grana. Algo como R$ 15 milhões por mês.

Dinheiro que praticamente dispensa comprovação de como foi gasto. Só com o recente encontro de personalidades conservadoras promovido pelo deputado Eduardo Bolsonaro em São Paulo, estima-se que foram gastos cerca de R$ 800 mil.

Bolsonaro ameaça abandonar o PSL se não puder mandar no cofre. Seus advogados dizem que ele já recebeu convite para filiar-se a quatro partidos. Ocorre que essas legendas são nanicas, dispõem de poucos recursos. Bivar sabe disso e bate o pé.

Recusa-se a entregar o que Bolsonaro tanto quer. E como prova de sua disposição para lutar até o fim, diz-se pronto para hoje ou nos próximos dias punir com expulsão quatro deputados bolsonaristas de raiz. Talvez esteja blefando. A conferir.

A posição de Bivar é mais confortável do que a de Bolsonaro. A maioria dos 51 deputados federais do partido lhe deve obediência. Foi ele que montou o PSL país a fora. E se Bolsonaro resolver sair, Bivar já tem outro nome para a eleição presidencial de 2022.

Trata-se do governador do Rio, Wilson Witzel. Os dois já conversaram a respeito. Depois de Bolsonaro, Wiltzel, é o candidato a presidente mais assumido que há no mercado. Parte do PSL carioca já o apoia, para desgosto de Flávio Bolsonaro.

Flávio Bolsonaro descansa em paz

Começar de novo

O presidente Jair Bolsonaro recebeu o aviso de um ministro do Supremo Tribunal Federal de que, ali, já há maioria de votos para confirmar a decisão de Dias Toffoli de suspender os inquéritos abertos com base em informações fiscais compartilhadas com o Ministério Público sem prévia autorização judicial.

Isso significa: os inquéritos alcançados pela decisão terão que recomeçar do zero – entre eles, o que apurava as suspeitas de que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) se apropriara de parte do salário dos funcionários do seu gabinete à época em que era deputado estadual, e Fabrício Queiroz, seu assessor.

Ainda não há data marcada para que a decisão de Toffoli, avalizada depois pelo ministro Gilmar Mendes, seja submetida ao crivo do plenário do tribunal.

Tatto, o candidato do PT a prefeito de S. Paulo

Revista Veja

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