O que vai impedir a indisciplina em sala de aula

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Educadores afirmam a importância de empatia entre alunos e mestres e alertam sobre necessidade de adequação dos processos de aprendizagem

Indisciplina e problemas de comportamento. Estes são alguns dos grandes desafios enfrentados por professores em sala de aula, seja em instituições públicas ou particulares. Atitudes de muitos alunos têm, constantemente, interferido no processo de ensino e aprendizagem. Afinal, que porcentagem de tempo é gasta para resolver problemas disciplinares? Tempo que poderia estar sendo investido no estudo em turmas de Ensino Fundamental e Médio.

Uma sequencia de acontecimentos vem evidenciando um sinal de alerta emitido por professores e educadores. No Rio Grande do Norte, dois estudantes entraram de moto em uma sala de aula em uma escola estadual em plena aula, no dia 08 de agosto. Em maio (31), uma professora de uma escola no interior paulista foi atacada por alunos que arremessaram livros e jogaram carteiras em cima da mulher. Outro fato recorrente foi do professor assassinado por seu aluno dentro da sala. Aconteceu em abril (30) em Goiás, quando o homem foi morto a tiros por razões de vingança.

Segundo avaliação de Marina Paradanta, pedagoga especializada em Neuropsicopedagogia, o comportamento indisciplinar indica que algo não vai bem e precisa melhorar. Para a educadora, existem vários aspectos a serem considerados em alunos indisciplinados, mas cabe ao professor tomar algumas iniciativas importantes para esclarecer o que realmente está levando aqueles alunos a praticarem atos tão anti-sociais e de vandalismo.

Educadora alerta sobre necessidade de melhor preparo dos professores

Em seu Programa de Capacitação de Funções Executivas e Atenção para Educadores, Marina chama atenção para atitudes indisciplinares que também podem ser uma forma de reação ao despreparo do professor. Utilizar estratégias diferentes e ferramentas adequadas podem transformar a sala de aula e tornar os alunos mais motivados, comprometidos, responsáveis e aplicados.

– Uma auto-avaliação da sua metodologia de trabalho também é válida. Identificar o que realmente está acontecendo pode ser uma boa estratégia para uma mudança de comportamento: acolher, conversar individualmente, entrar em contato com familiares, podem ser ações eficazes para descobrir a causa e ajudá-los.

Situações de embate com falta de limites dentro da escola têm sido preocupação com a missão de ensinar e com a própria segurança de vida. Inovação pode ser um dos elementos de apoio para o pedido de socorro de muitos mestres dentro de um ambiente escolar que tem necessidade de avanço pedagógico e institucional.

– Entender e incrementar processos executivos na educação infantil é muito importante. A maneira como as atividades são dirigidas podem provocar novos comportamentos e novos repertórios de respostas, reforçando a capacidade de autorregulação e autonomia em crianças. É por isso que déficits nesses processos são relacionados a situações como evasão escolar, comportamentos disruptivos, TDAH, déficits intelectuais, acarretando desmotivação e baixa autoestima, provocando prejuízos ao aluno, professor e família.

A psicóloga Jane Célia Rodrigues aponta razões pelas quais um aluno pode estar desenvolvendo atitudes descontroladas. Especializada em Deficiência de Aprendizagem e em Neuropedagogia, Jane Célia aponta a questão da dinâmica na família e a ausência dos pais na vida dos filhos, sem acompanhamento e sem orientação de limites, como fator de alerta.

– A família é o espaço de acolhimento e saúde, mas nem sempre as famílias apresentam as condições para um bom desenvolvimento de seus integrantes. Os sintomas produzidos pelos alunos indisciplinados podem ser reflexos da dinâmica familiar.

Professores têm buscado competências e habilidades para adaptar suas aulas de acordo com a dinâmica dos avanços tecnológicos. Eles modificam seus métodos de ensino de acordo com a necessidade de seus alunos.

– Mas é perceptível que o professor do século 21 não está preparado para lidar com a falta de limite dos alunos. Assim como foi preciso um preparo para se adaptar às aulas por causa do avanço da tecnologia, será necessário ao professor iniciar seu olhar para o aluno com empatia. Será necessário conhecer este aluno não somente no ambiente escolar, mas também em seu ambiente familiar.

A educadora completa que é mais que preciso conhecer a disciplina ministrada. O professor tem que compreender quem é este novo aluno em sala de aula. Ela afirma que trata-se de um estudante não mais passivo e obediente.

– Talvez o aluno queria somente ser conhecido, ser ouvido e ser compreendido por estar vivendo ou percebendo situações que ele não consegue compreender. Por exemplo: a ausência do pai em seu lar, em sua vida. Este é o tempo em que ser empático será cada vez mais relevante para todos os profissionais, e o professor não poderá se eximir.

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