Distinção será entregue no dia 27 de agosto, às 10h, no Centro de Convenções de Pernambuco
“Estou muito feliz, muito grata de ver que estão reconhecendo meu trabalho enquanto estou viva”. A fala de Maria Madalena Correia do Nascimento, conhecida internacionalmente como Lia de Itamaracá, diz respeito ao recente anúncio de que a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vai conceder à artista o título de Doutora Honoris Causa.
A distinção emocionou Lia, que apesar de não ter tido longo acesso à educação formal reconhece a importância do ensino e chegou a trabalhar muitos anos como merendeira numa escola pública da rede estadual de ensino, em Itamaracá.
O motivo da concessão do título, explicitado numa longa proposta enviada à Pró Reitoria de Extensão e Cultura (Proext) da UFPE por docentes de sete centros da universidade, também envaidece a cirandeira: eles afirmam que ela colocou a ciranda no roteiro turístico e cultural do estado de Pernambuco e do mundo.
Aos 75 anos, Lia vem ganhando cada vez mais destaque dentro e fora de sua terra natal. Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2005, no próximo dia 6 de setembro ela viaja ao Rio de Janeiro, onde vai participar de uma entrevista com o jornalista Pedro Bial. Além de viajar por todo o país, realizando shows, em janeiro Lia comemorou seu aniversário com lançamento de livro e exposição de fotos, no Bairro do Recife. Em julho, junto com outros mestres do ritmo, foi homenageada na 20ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), em Olinda.
Na semana passada, Lia recebeu título de cidadã do município de São Lourenço, na região metropolitana do Recife. E em novembro, após um hiato de mais de dez anos, lançará seu novo cd, com patrocínio do Selo Natura. A artista foi selecionada após participar de um concorrídíssimo edital, que recebeu 2.617 inscrições de todo o Brasil.
Embora tenha quase 60 anos de carreira, Lia só produziu até o momento três álbuns: “A rainha da ciranda”, de 1977; “Eu sou Lia”, de 2001; e “Ciranda de Ritmos”, de 2008. A próxima obra conta com a produção do DJ Dolores e novidades que o produtor musical Beto Hees, há 20 anos assessor e amigo de Lia, prefere manter em segredo. “Tudo o que Lia está colhendo é o resultado de uma luta que já dura muitos anos. A meta dela é não deixar a ciranda morrer, é levar nossa cultura adiante. Então, merece todo esse reconhecimento. Gostaria, realmente, que isso se transformasse também em qualidade de vida para que Lia, mais para a frente, possa vivenciar a velhice em paz”, finaliza.