‘Filhas do Sol’ e a coragem de viver

Previsto para estrear no dia 15 de agosto, o filme francês lança uma luz sobre um grupo de mulheres curdas que atua na guerra pelo Curdistão

‘Filhas do Sol’ e a coragem de viver
Filme é baseado em um ataque do Estado Islâmico de 2014 (Foto: Divulgação/California Filmes)
Sob o olhar ocidental, o mundo islâmico é visto como uma região atrasada em relação ao direito das mulheres. Paralelamente a isso, o Oriente Médio é visto como uma área de constantes conflitos armados, principalmente territorialistas. No meio disso tudo, encontra-se o Curdistão.

“Filhas do Sol”, de Eva Husson, leva às telas uma pequena parte da realidade do povo curdo, que conta com cerca de 30 milhões de pessoas – a maioria muçulmana sunita. O Curdistão é hoje a mais numerosa nação sem um Estado do mundo. O território, requisitado pelos curdos para formar um país, fica entre quatro nações: Iraque, Irã, Síria e Turquia.

O filme se inspira em um evento real ocorrido em agosto de 2014, quando o Estado Islâmico (Isis) invadiu o território curdo e surpreendeu cerca de 300 mil habitantes da região. A investida levou à captura de 7 mil mulheres e crianças.

Os meninos eram enviados para escolas do Isis, nas quais eram ensinados a matar. As meninas e mulheres se tornavam mercadoria para tráfico sexual e escravidão. Ambas as atrocidades ganham espaço no filme de Husson.

Dentro desse cenário nasce o esquadrão “Filhas do Sol”, formado apenas de mulheres, que se recusam a baixar a cabeça e seguem lutando pela sua liberdade e, mais importante, por suas vidas.

Apesar de toda a história por trás da luta do povo curdo para conquistar a sua pátria, a produção não se aprofunda nesse tema, tendo como protagonistas as mulheres curdas e toda a sua luta. Se por um lado a obra de Husson não explora a história da luta pelo Curdistão, por outro a vida, a luta e a história dessas mulheres são contadas.

Seu slogan é “Mulheres, Vida, Liberdade”. E são nessas três palavras que o filme foca e emociona. Assistir “Filhas do Sol” não é buscar entender melhor a história ou a luta dos curdos, nem mesmo acompanhar um filme de guerra, mas admirar mulheres, até então traficadas, se erguerem para combater na vanguarda da luta pelo Curdistão.

“Filhas do Sol”, exibido em festivais de cinema mundiais, como Cannes e Toronto, além de ser apresentado no Festival Varilux de Cinema Francês, conquista pelo coração. Enquanto os confrontos armados aparecem em pontos específicos da produção, o sofrimento das mulheres curdas é exposto sem cerimônia, mas com delicadeza, não buscando o “chocar” para agradar o público.

A história das mulheres curdas é contada por uma jornalista francesa, Mathilde (Emmanuelle Bercot). O olhar da experiente jornalista, somado à história de Bahar (Golshifteh Farahani), a comandante do esquadrão, dita o ritmo de toda a produção.

Previsto para estrear no próximo dia 15 de agosto, “Filhas do Sol”, de Eva Husson, é um novo lembrete para os países ocidentais das atrocidades e conflitos ocorridos no Oriente Médio. A produção não faz juízo de valor sobre a luta dos curdos, apenas expõe o trágico cenário no qual o povo, principalmente mulheres e crianças, está exposto.

Ficha Técnica

Título: Filhas do Sol

Título Original:  Les Filles du Soleil

Direção: Eva Husson

Sinopse: Em algum lugar do Curdistão, Bahar, a comandante do batalhão “Filhas do Sol”, está se preparando para libertar sua cidade das mãos dos extremistas, esperando encontrar seu filho, que é mantido refém. Uma jornalista francesa, Mathilde, chega para fazer a cobertura do ataque e é testemunha da história dessas excepcionais guerreiras. Desde que tiveram suas vidas viradas de ponta cabeça, todas elas estão lutando pelas mesmas causas: mulheres, vida, liberdade.

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