Por Pamela Silva

Há muitas torturas sofridas por meninas na África, elas as sofreram por centenas de anos e, embora sejam feitas tentativas para impedi-las de acontecer, muitas vezes é inevitável. Essas torturas têm a ver com o fato de serem mulheres, com a maioria delas projetada para minar sua identidade.

Mas há uma forma de tortura que tem sido falada muito pouco e que recentemente começou a ser mais visível, que não se destina a prejudicá-los, mas sim protegê-los.

Mama passa, uma prática que as mulheres da família fazem – mãe, tia, avó – para evitar que os seios das meninas se desenvolvam e cresçam.

Veronique De Viguerie

A prática destina-se não como um ato de beleza, mas para evitar que as meninas recebam atenção masculina indesejada e acabem sendo assediadas ou abusadas sexualmente por homens (causando gravidez prematura).

Como pode estar certo que a única maneira de proteger as meninas de serem acusadas, estupradas ou atacadas por homens é torturando-as por serem pequenas?

Porque, como você pode imaginar, impedir que os seios de uma menina na puberdade se desenvolvam não é uma tarefa fácil ou indolor: as mulheres de sua família batem nelas com objetos duros e quentes, como pedras ou morteiros. Outra técnica que eles usam é colocar cintos que comprimem o peito no torso.

Veronique De Viguerie

Essa prática não só previne o crescimento das mamas, mas produz muitos mais efeitos negativos: destrói o tecido mamário, pode causar câncer de mama, dissimilaria mamária – ou o completo desaparecimento de ambos – e gera problemas na amamentação. Também gera problemas psicológicos, como angústia ou rejeição do próprio corpo, se os seios eventualmente voltarem a crescer.

De acordo com um estudo da ONG Rede Nacional de Associações de Tias dos Camarões, uma em cada quatro mulheres no país teria sofrido de passar a ferro na infância.

Na Guiné-Bissau, Togo, Chade, Benin, Costa do Marfim, Quênia, Zimbábue e Guiné-Conakry são outros países onde esta prática é realizada.

Veronique De Viguerie

E então eles dizem que somos “feminazis” por dizer que os homens abusam, assediam, estupram e nos matam.