PF e Bope chegam à terra indígena Waiãpi, após invasão de garimpeiros

Indígenas que fugiram para aldeia vizinha para se proteger da invasão à demarcação dos Waiãpi, no Amapá Foto: Reprodução/27-7-2018

 

Por Marcello Corrêa do O Globo

BRASÍLIA – Equipes da Polícia Federal (PF) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram à região do Amapá onde uma terra indígena foi invadida por garimpeiros, resultado na morte de pelo menos um cacique. O ataque ocorreu na demarcação dos Waiãpi, próxima à cidade de Pedra Branca do Amapari. A informação de que as forças de segurança estavam no local na manhã deste domingo foi confirmada pela prefeita da cidade, Beth Pelaes (MDB).

Os relatos sobre ataques aos indígenas Waiãpi começaram a ser divulgados na tarde de sábado. A tensão na região mobilizou também artistas nas redes sociais. No sábado, o cantor Caetano Veloso divulgou um vídeo de apelo para que autoridades apurem a situação. Criolo e Lenine também divulgaram vídeo pedindo apoio aos indígenas.

De acordo com um memorando da coordenação regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), a invasão à região começou a ocorrer no último dia 23, terça-feira, quando foi confirmada a morte do cacique Emyra Waiãpi. No primeiro momento, uma equipe da Funai atribuiu a morte do líder indígena a um afogamento causado por ingestão de uma bebida tradicional, durante uma cerimônia. Nesse sábado, o órgão descartou essa possibilidade e confirmou que a causa da morte de Emyra foi a invasão de garimpeiros.

Havia ainda a informação de que outro líder indígena havia sido morto na noite de sexta-feira. Essa informação, no entanto, foi descartada. “A segunda morte que supostamente teria sido provocada pelos invasores ontem, dia 26, não ocorreu, sendo a informação falsa, tendo o indígena retornado à sua aldeia sem informações se o mesmo teve contato com os invasores, sendo tão somente suposições devido ao clima de medo em que eles se encontram e a demora do indígena em retornar para a aldeia”, diz o documento.

Procurada pelo GLOBO na noite de sábado, a Superintendência Regional da Polícia Federal no Amapá disse na manhã deste domingo que ainda não tem informações sobre o andamento das operações.

“Tendo em vista a dificuldade de acesso e comunicação com o local o tempo de resposta a essas informações tende a ficar prejudicado. Estamos aguardando contato das equipes que se deslocaram para atendimento ao ocorrido”, informou a corporação.

Até a manhã deste domingo, a informação mais atualizada era a de que os garimpeiros ainda estavam acampados na região. Não há informações precisas sobre quantas pessoas estão no local. De acordo com o memorando da Funai, seriam de dez a 15 pessoas. No sábado, lideranças indígenas chegaram a falar em 50 pessoas.

Os invasores, segundo o documento, estariam na aldeia Yvytotõ, a cerca de 40 minutos a pé da aldeia Mariry, onde estão concentrados os indígenas. A terra dos Waiãpi fica a aproximadamente 300 quilômetros de Macapá, capital do Amapá.

Na noite de sábado, a Funai afirmou, em comunicado, que não havia registro de conflito na região. “Mesmo assim, a equipe da Funai e da PF permanecerão no local para garantir a integridade dos indígenas e apuração dos fatos”, disse o órgão na nota.

Ainda na noite de sábado, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é do estado, publicou texto pedindo apoio aos indígenas. “Os esforços devem ser concentrados em garantir a segurança e o direito dos povos indígenas, que sempre viveram nessa região, direito garantido constitucionalmente”, escreveu Alcolumbre. O senador Randolfe Rodriges (Rede-AP) registrou ocorrência na Polícia Federal e também pediu providências a autoridades.

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