Mães de crianças com microcefalia protestam contra benefícios cortados

Mães de crianças com microcefalia protestaram contra cortes do BPC

Mães de crianças com microcefalia protestaram contra cortes do BPC                         Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco
Por: Vinícius Lucena

Mães de crianças nascidas com microcefalia realizaram, na manhã desta quinta-feira (18), no Recife, manifestação contra oscortes nos Benefícios de Prestação Continuada (BPC), auxílio concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para as famílias. O protesto, que aconteceu diante da Agência da Previdência Social do bairro de Santo Amaro, região central da cidade, foi organizado pela União de Mães de Anjos (UMA), organização não governamental que presta assistência a mais de 400 famílias.

De acordo com a UMA, pelo menos 22 mães tiveram o benefício cortado sem aviso prévio. “Nem o próprio INSS sabe informar o que aconteceu, diz que não há nenhuma irregularidade com o nosso cadastro,. Só tá lá a ordem de suspensão e simplesmente pedem para aguardar de 30 a 85 dias para eles entrarem em contato”, afirmou Germana Soares, presidente da UMA.

O ato contou com com a presença de mães de diversas cidades de Pernambuco. “Temos mães de Serra Talhada, Ouricuri, Salgueiro, Petrolina. São mães do estado inteiro que estão vivendo essa situação”, disse Germana, que também teve seu benefício cortado. A UMA contabiliza aproximadamente 438 casos de zika em Pernambuco.

Os cortes no BPC afetam diretamente a rotina e as contas das mães das crianças. A maioria delas não trabalha, pois os cuidados com os filhos exigem mais atenção do que o normal. Erivânia Rocha, 38, conta que, ao tentar sacar o dinheiro em uma agência bancária, foi informada que o benefício havia sido bloqueado. “Eu fiz tudo direitinho, todos os recadastramentos”, disse a avó de Heloisa Naiara, 3. “A gente usa todo o tempo que a gente tem pra cuidar das crianças, perdemos nosso tempo de trabalho e a renda que tinha antes e passamos a depender do BPC”, disse Erivânia.

Ana Paula, de 25 anos, dedica o tempo aos cuidados do filho de três anos. Moradora de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, ela viaja ao Recife duas vezes por semana para que a criança possa ter acesso à terapia especializada e tem encontrado diversas dificuldades nos últimos dois meses devido ao corte do BPC. “Com a suspensão, tudo atrasa: remédios, consultas que não tenho como pagar, minhas viagens, comida. E meu aluguel também está atrasado”. Para que o filho não perca a vaga na terapia, Ana recorre à família e amigos próximos para pedir auxílio financeiro. “Nesse tempo, a gente vai viver de quê? Essas crianças vão comer o quê? Vão tomar remédio da onde?”, disse Ana.

De acordo com a assessoria jurídica da UMA, as mães precisam de um posicionamento do INSS para levar o caso à justiça. O INSS alegou que o assunto deve ser tratado com o Ministério da Cidadania. Em nota, o Ministério informou que vai investigar o caso para saber o que está causando as suspensões do BPC das mães de crianças nascidas com microcefalia em Pernambuco.

O Benefício
BPC é um benefício de renda no valor de um salário mínimo para pessoas com deficiência de qualquer idade ou para idosos com idade de 65 anos ou mais que apresentam impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial e que, por isso, apresentam dificuldades para a participação e interação plena na sociedade.

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