FRÁGIL MOEDA DE TROCA. Por Luciano Siqueira

O preço da reforma

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Por Luciano Siqueira

Na iminência de votar a reforma da Previdência, a Câmara dos Deputados é palco do pesado jogo de benesses imediatas entre a base de direita e centro-direita e o governo.

Para aprovar a reforma da Previdência, o governo promete liberar R$ 5,6 bi em emendas, e deputados pedem mais — anunciam as manchetes de primeira página.

Os parlamentares que golpearem os direitos dos trabalhadores ativos e aposentados precisam chegar às suas bases levando na bagagem emendas ao Orçamento Geral da União destinadas a benfeitorias nos municípios onde são votados.

Quando cobrados pelo voto dado em favor da reforma terão como moeda de troca a construção de uma ponte, de um posto de saúde, de uma creche ou de uma estrada.

É o esquema de sempre.

Até compreensível, em certa medida, em razão da distribuição do “bolo tributário”, que concentra mais de dois terços dos recursos no poder central, ao qual ficam dependentes os estados e municípios.

Não se pode ter certeza, entretanto, que dessa forma estarão assegurando o apoio dos eleitores em pleitos futuros.

Por caminho tortuoso e sujeito a avanços e retrocessos, a população vai aprendendo a lidar com esse fisiologismo de quinta categoria e, na esteira da urbanização e da modernização dos meios de comunicação, avançando no sentido da liberdade do voto.

Essa tendência pode não estar ainda tão nítida. Mas é real.

O eleitor que em outubro passado dividiu o país entre a esquerda e a extrema direita e majoritariamente acreditou na cantilena simplista e odiosa de Jair Bolsonaro vem aprendendo duramente com experiência.

Hoje, em tempo da revolução industrial 4.0 e dos aplicativos e redes sociais, os mecanismos de conquista do voto tendem a se alterar.

Certamente o ambiente social e o comportamento do eleitorado já no pleito do ano que vem surpreenderá a muitos dos que ainda se prendem às velhas práticas.

Não é sem razão que em apenas seis meses o governo do presidente Jair Bolsonaro, segundo Datafolha, perdeu tanto apoio e foi empurrado aos limites dos 33% de aprovação.

Os números traduzem a decepção.

Assim, os que votam agora em favor de uma reforma essencialmente comprometida com os interesses do sistema financeiro e prejudicial aos trabalhadores, esgrimindo o falso argumento que este é o preço da retomada do desenvolvimento econômico, poderão pagar muito caro nos próximos embates eleitorais.

Frequentam o balcão das negociações de emendas agora, futuramente poderão esbarrar no muro das lamentações.

 

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