Bolsonaro leva Moro à final da Copa América: “O povo vai dizer se estamos certos”

O presidente Jair Bolsonaro e o Ministro Sergio Moro foram assistir a partida entre o Flamengo e o CSA, no estádio Mané Garrincha, Brasília - DF. O vazamento de diálogos entre o então juiz federal Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol está provocando mudanças no alto escalão do governo Foto: Jorge William / Agência O Globo

Bolsonaro quer repetir a cena da vitória do Flamengo em Brasilia

Jussara Soares
O Globo

O presidente da República, Jair Bolsonaro , afirmou que pretende descer com o ministro Sergio Moro ao gramado do Maracanã durante a final da Copa América para fazer um teste de popularidade. No domingo, o Brasil disputa o título com o Peru.

Questionado sobre as novas mensagens atribuídas a Moro e procuradores da Lava-Jato, dessa vez publicadas pela revista “Veja” junto ao site “The Intercept Brasil”, o presidente afirmou que fará esse teste, se a equipe de segurança permitir.

NO GRAMADO — “Pretendo domingo não só assistir à final do Brasil com o Peru, bem como, se for possível e a segurança me permitir, iremos (Bolsonaro e Moro) ao gramado. O povo vai dizer se nós estamos certos ou não” — disse o presidente.

Questionado sobre ter havido possíveis vaias quando foi ao gramado no intervalo do jogo entre Brasil e Argentina, no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, Bolsonaro justificou que os protestos foram para a seleção argentina que entrava em campo no momento. Segundo ele, o público não sabia que era ele.

–  Houve vaia quando a seleção da argentina entrou. E aí jogaram a câmera para cima de mim, queriam o quê? Acham que de imediato, eu, com paletó e gravata, no Mineirão enorme, uma vaia estrondosa de repente para mim? Não tem cabimento isso. Quem por outro lado sabia que era eu? Não sabia. A vaia foi para a seleção da Argentina. E se um dia eu levar uma vaia eu vou logicamente pensar onde estou errando – disse.

ADÉLIO BISPO – Ainda falando sobre Moro, Bolsonaro pediu que a imprensa cobrasse os resultados da investigação de Adélio dos Santos Bispo, o agressor que lhe deu uma facada durante ato de campanha no dia 6 de setembro do ano passado, em Juiz de Fora (MG).

– Falam tanto na questão do Moro, telefone, etc. Cadê o caso Adélio? Vocês não vão dar uma forcinha no caso Adélio? A OAB pediu para não quebrar o sigilo de telefone de alguns – disse.

No dia 14 de junho, o juiz federal Bruno Savino, da 3ª vara da Justiça Federal em Juiz de Fora (MG), absolveu Adélio. A absolvição foi de modo impróprio, porque o agressor sofre de transtorno delirante persistente, segundo pareceres médicos da defesa de Adélio e de peritos escolhidos pela acusação, que o torna inimputável. Ou seja: não pode ser punido criminalmente. O juiz converteu a prisão preventiva em internação por tempo indeterminado.

BEIJOS HÉTEROS – Em 13 de junho, dias depois da primeira reportagem da série do “Intercept”, Bolsonaro levou Moro ao jogo entre Flamengo e CSA , no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Os dois foram aplaudidos pela parte da torcida mais próxima à tribuna e vestiram camisas do time carioca. Bolsonaro é torcedor do Palmeiras e Moro, do Athletico-PR. O presidente disse que o legado do ex-juiz contra a corrupção “não tinha preço” e classificou os eventos públicos com o ministro como “beijos héteros” de apoio a ele.

Os novos diálogos divulgados nesta sexta-feira incluem novos personagens nas supostas mensagens trocadas entre o então juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba Sergio Moro e o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol. De acordo com a reportagem, o agora ministro teria alertado a acusação sobre a inclusão de uma prova em processo contra o operador de propina Zwi Skornicki; orientado o MPF sobre datas de operações — uma delas ligada a ação contra o pecuarista José Carlos Bumlai —; e feito pressão contra a negociação de delação premiada do deputado cassado Eduardo Cunha.

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