Crime e castigo – Editorial

Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado entregou relatório a ser encaminhado às autoridades com as conclusões das investigações sobre o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, ocorrido em 25 de janeiro deste ano.

Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado entregou relatório a ser encaminhado às autoridades com as conclusões das investigações sobre o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, ocorrido em 25 de janeiro deste ano.

Do desastre, resultaram a morte de 246 pessoas, mais 24 desaparecidos, além da destruição, por tempo indeterminado, de toda a vida animal e vegetal ao longo da bacia do rio Paraopeba. O acidente também prejudicou, economicamente, toda a população ribeirinha que dependia do curso d’água para seu sustento.

O documento recomenda o indiciamento do então presidente da dona do empreendimento, a Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, e de mais 13 funcionários da empresa e de uma consultoria alemã que atestou a estabilidade da estrutura da barragem. Todos foram indiciados por dolo eventual, quando o sujeito assume o risco de causar danos.

Os senadores concluíram que os responsáveis poderiam ter agido para evitar a tragédia. A empresa estava ciente dos riscos: um ano antes, a barragem já tinha emitido sinais de instabilidade. A avaliação foi confirmada, agora, por um funcionário da Vale em depoimento à CPI da Assembleia Legislativa: em poucos dias, ele detectou uma deformação na estrutura da barragem, que passou de 200 m² para 15 mil m².

Na ocasião, a empresa respondeu que outros monitoramentos indicavam que a barragem estava segura. Houve negligência, omissão e imprevidência da Vale – que, no mínimo, poderia ter evacuado as pessoas do local –, indicando que o salvamento da população ameaçada não fazia parte das preocupações da empresa.

A Política Nacional de Segurança de Barragens atribui a responsabilidade desses desastres aos empreendedores e aos órgãos fiscalizadores. É difícil, se não impossível, fazer justiça nesses casos. Por mais técnica e rigorosa que seja, ela será falível. O crime foi maior do que seus autores.

O Tempo

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