Sergio Moro, as lendas e os goelas.  Por  Jose Adalberto Ribeiro

comentarista  Por  Jose Adalberto Ribeiro  – Jornalista e escritor

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Pra não dizer que não falei das manifestações de rua no domingo, minha cantoria é a seguinte: eu sou pequenininho do tamanho de um passarinho, estou com meu herói o ministro Sérgio Moro e não abro nem para o trovão azul. Na moral. Taokay!

O folk lore do Brazil é povoado de lendas pitorescas, criativas, comoventes. Aliás, não só no Brazil, em todas as latitudes existem lendas, mistérios, romances, na Rússia, nas Arábias, no bairro dos Aflitos, na Serra da Borborema, Urbi et Orbi, até no planeta Marte.

Luís da Câmara Cascudo, o mais magistral folclorista brasileiro, relata a lenda “O negrinho do pastoreio”, uma das mais belas criações do Brazil em sua narrativa. “Era uma vez um estancieiro (fazendeiro) muito mau, muito”. Havia um escravo, “pequeno ainda, muito bonitinho e preto como um carvão e a quem todos chamavam somente o “Negrinho”. A este não deram padrinhos nem nome; por isso o Negrinho se dizia afilhado da Virgem, Senhora Nossa que é madrinha de quem não a tem”.

“Todas as madrugadas o Negrinho galopeava o parelheiro baio” do estancieiro malvado. A tarde sofria os maus-tratos do filho do estancieiro, que o judiava e se ria”. Um dia o cavalo baio do estancieiro atuou carreira com o cavalo mouro do seu vizinho. E largaram os parelheiros. Hip-hip! Valha-me a Virgem Madrinha, Nossa Senhora, se o sete léguas perde, o meu senhor me mata, gemia o Negrinho. Perdeu.

O estancieiro malvado botou a culpa no Negrinho. Mandou amarrar o bichinho num tronco e dar-lhe uma surra de chicote até ele não mais chorar nem gemer. Depois mandou atira-lo na panela de um formigueiro para as formigas devorarem sua carne e seus ossos.

O Negrinho chamou pela Virgem sua Madrinha, deu um suspiro triste e adormeceu. Para encurtar a lenda, foi amparado por sua Madrinha Nossa Senhora. Tão serena, pousada na terra, a Madrinha apascentou o formigueiro. Sarado e risonho, o Negrinho montou o cavalo baio e saiu a cavalgar nos pastoreios, cheio de ternura humana.

Viva o Negrinho do Pastoreio! Viva a ternura humana!

Além da imaginação de Câmara Cascudo, existe uma lenda surreal no Brazil de que “Todo poder emana do povo… lero lero”.

Ah! Inocentes! Todo poder emana dos goelas. São os príncipes e princesas dos Poderes da República, de todas as latitudes onde sopram os ventos. Prefiro acreditar nas proezas de Saci Pererê, o menino treloso e saltitante de uma só perna com bonezinho vermelho e cachimbo caipira. Goelas são discípulos de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter.

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