Carlos Newton
É tamanho o desespero dos articuladores da campanha contra o ex-juiz Sérgio Moro que ele tiveram de trazer novamente à cena o notório advogado Rodrigo Tacla Duran, réu na Operação Lava Jato, que está foragido na Europa e já confessou a prática de lavagem de dinheiro para a Odebrecht, em depoimento à Procuradoria Especial contra a Corrupção e o Crime Organizado da Espanha, em 2017.
Como não está dando certo a armação contra Moro e os procuradores da Lava Jato, via site The Intercept, e a repercussão do pinga-pinga de diálogos hackeados é cada vez menor, o foragido Durán está sendo outra vez acionado, na chamada undécima hora, para anunciar que irá ingressar com uma ação judicial contra o ex-juiz.
ACUSAÇÕES FALSAS – Segundo os porta-vozes do foragido Dúran, a ação seria uma resposta ao depoimento de Moro no Senado, realizado na semana passada, no qual o ministro disse que são fantasiosas as acusações de Durán de que amigos do então juiz Moro lhe pediram dinheiro em troca de benefícios na Operação Lava Jato.
“Os crimes de injúria, calúnia e difamação, praticados pelo ministro Sergio Moro durante audiência pública no Senado Federal, transmitida em rede nacional, deverão ser objeto de medidas judiciais”, disse o advogado espanhol Sebastian Suarez, referindo-se ao fato de Moro ter dito no Senado que Durán era “um lavador profissional de dinheiro”.
Essa ameaça de processar Moro é uma tremenda conversa fiada, porque que no depoimento que deu ao Ministério Público espanhol, Em fevereiro de 2017, o ex-advogado da Odebrecht confessou ter aberto contas na própria Espanha e em Cingapura para a movimentação de recursos que a empreiteira mantinha em paraísos fiscais do Caribe. Ora, como Durán poderá processar Moro por acusá-lo de um crime que ele já confessou?
MENDES JR. – Além de lavar dinheiro para Odebrecht na Lava Jato, Durán foi denunciado pelos dirigentes da Mendes Jr. como principal operador da empreiteira para pagamentos ilícitos através da Tacla Dúran Advogados.
Durán é audacioso e chegou a se oferecer para ser ouvido em teleconferência pela CPI da JBS. Na ocasião, ele exibiu aos parlamentares uma perícia para mostrar que seriam verdadeiras as mensagens que ele teria trocado com o advogado Carlos Zucolotto, amigo e padrinho de casamento de Moro. Tratava-se de fotos de mensagens supostamente postadas pelo Wickr, um aplicativo que deleta correspondência depois de um curto espaço de tempo.
As provas foram imediatamente desmascaradas, porque o aplicativo Wickr grava automaticamente o horário das mensagens e, ao fazer a montagem, Durán esqueceu de colocar os horários em algumas partes que falsificou.
MAIS ARMAÇÕES – Agora, novamente acionado pelos articuladores da campanha contra a Lava Jato, Durán é novamente desencavado e diz ter documentos que comprovariam que no dia 14 de julho de 2016 realizou um pagamento de US$ 612 mil – feito por meio de um banco em Genebra – para a conta do advogado Marlus Arn, amigo de Moro, no Banco Paulista.
Caramba! Quer dizer que durante três anos o genial Tacla Durán guardou esses documentos verdadeiros, enquanto criava provas forjadas que se desvaneciam? Quem acredita numa potoca dessas?