Bolsonaro troca o comando dos Correios de olho na privatização da empresa

Bolsonaro admitiu, no entanto, que não há um prazo estipulado para a privatização

Disputa China-EUA pelos Correios
Correios têm a logística de entrega nacional (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A privatização dos Correios voltou ao debate nesta semana. O presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta sexta-feira (21/6), que o general Floriano Peixoto deixou o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência e assumirá a empresa na próxima semana, cumprindo a missão de tocar a venda da estatal.

Bolsonaro admitiu, no entanto, que não há um prazo estipulado para a privatização. “Não depende da gente, depende do Congresso. Está no radar, mas o trabalho de Peixoto é recuperar os Correios. Tentaremos suprir o que foi retirado dos funcionários nas péssimas administrações passadas”, disse.

O general Floriano Peixoto, por sua vez, evitou falar em privatização e ressaltou que trabalhará para resgatar a “credibilidade” e fortalecer os indicadores financeiros dos Correios. “Como isso acontecerá, cabe ao presidente da República. Minha missão é continuar a desenvolver a empresa.” Ele assume o posto no lugar do também general Juarez Aparecido de Paula Cunha, demitido em público por Bolsonaro na semana passada.

A privatização está nos planos do governo para o enxugamento da máquina pública. Os Correios vêm acumulando prejuízos, além do deficit no avanço da tecnologia das comunicações. Há problemas também no fundo de pensão da empresa, o Postalis, alvo de um processo que apura corrupção. Nesta sexta-feira (21/6), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou ex-dirigentes, operadores financeiros e um banco a pagar multas de mais de R$ 120 milhões pela realização de operação fraudulenta no mercado, além da proibição de atuarem no mercado de capitais por cinco anos e oito meses. Segundo a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), entre 2012 e 2017, foram aplicados ao Postalis 43 autos de infração. Na Petros (Petrobras) foram 28; na Funcef (Caixa), 13; no Previ (Banco do Brasil), três.

Para Ilan Arbetnan, analista financeiro da Ativa Investimentos, o governo tem priorizado a diminuição da participação nessas firmas.“Há um foco no desinvestimento. Temos visto isso na Eletrobras e na Petrobras. Na semana passada, por exemplo, houve uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que deu liberdade para a Petrobras decidir sobre a venda de ativos”, afirmou. “Os Correios necessitam de uma reviravolta, pois sabemos que não estão nos melhores dias, tanto na questão operacional quanto na logística.”

Arbetnan disse ainda que vê de maneira positiva a ideia de privatização, mas frisou ser necessária cautela. “É positivo, mas é bom ter calma porque o próprio Floriano não falou sobre privatização. O excesso de trocas de presidente gera desconfiança. Mas o mercado financeiro vê com bons olhos uma governança corporativa mais forte por ente interno privado”, destacou. “Como o presidente é novo, leva tempo até ele se adequar. No entanto, a ventilação da possibilidade de privatização e o fato de o governo ter tomado ações críveis e concretas servem como sinalização positiva para o mercado.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *