Em mensagem de áudio, ex-ministro disse a amigos que seus advogados já preparam recurso para tentar reverter a situação
José Dirceu se entrega em Curitiba para cumprir pena na Lava-Jato Foto: EDUARDO MATYSIAK / ESTADÃO CONTEÚDO
Mais de cinco horas depois do prazo determinado, o ex-ministro José Dirceu se entregou na noite desta sexta-feira na sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde voltará a ser preso apósmanutenção de sua pena na Lava-Jato pelo Tribunal Regional Federal ( TRF-4 ). O atraso para chegar a Curitiba, segundo os advogados, ocorreu por conta de imprevistos na viagem de carro entre Brasília e a capital paranaense.
Antes de se entregar, o petista enviou um áudio a amigos próximos dizendo que, enquanto estiver na cadeia, vai “ler mais e manter a saúde”.
“Vamos ver se conseguimos justiça a curto prazo, e vou ler mais, manter a saúde. Fiquem aí na trincheira de vocês que é também a nossa. Vamos à luta. O Brasil ja está mudando, o vulcão está em erupção, um vulcão de jovens e mulheres”, disse o ex-ministro.
AS ACUSAÇÕES CONTRA JOSÉ DIRCEU
Mensalão
Depois de ser condenado a 7 anos e 11 meses de prisão no regime semiaberto e multa final de R$ 971,1 mil por corrupção ativa e formação de quadrilha, quando foi apontado como “chefe da quadrilha” do esquema do mensalão, o ex-ministro-chefe da Casa Civil tem o nome novamente envolvido em escândalos de corrupção.
Serviços de consultoria
A JD Assessoria e Consultoria Ltda, de propriedade de Dirceu e de seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, é suspeita de prestar serviços de fachada para encobrir desvios da Petrobras. A empresa teria recebido pagamentos de empreiteiras investigadas pela Lava-Jato, entre elas o consórcio formado por Odebrecht e UTC.
Negócios no Panamá
A JD Assessoria abriu filial no Panamá em abril de 2008. Segundo investigações da Lava-Jato, há indícios de que bancos do país foram usados para lavar dinheiro desviado da Petrobras. Dirceu nega participação no esquema. Em nota, a JD Assessoria e Consultoria Ltda comunicou que nunca atuou ou estruturou qualquer operação no Panamá.
A JD Assessoria abriu filial no Panamá em abril de 2008. Segundo investigações da Lava-Jato, há indícios de que bancos do país foram usados para lavar dinheiro desviado da Petrobras. Dirceu nega participação no esquema. Em nota, a JD Assessoria e Consultoria Ltda comunicou que nunca atuou ou estruturou qualquer operação no Panamá.
Delação de Ricardo Pessoa
Em sua delação premiada, o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e apontado como chefe do “clube de empreiteiras”, citou políticos que teriam recebido recursos ilícitos desviados da Petrobras, entre eles o ex-ministro da Casa Civil. Os recursos teriam abastecido campanhas políticas.
Indicação de Duque
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse em depoimento que Renato Duque foi colocado na diretoria de Serviços da Petrobras por José Dirceu, “que tinha essa ligação com o tesoureiro do PT, João Vaccari”. Dirceu voltou a negar influência na indicação para a diretoria.
Repasses de Pascowitch
A Jamp Engenheiros Associados, empresa de Milton Pascowitch, também teria realizado cerca de R$ 1,4 milhão em repasses a Dirceu. Há suspeita de que o recurso tenha sido direcionado a dirigentes da Petrobras. Pascowitch, que fez delação premiada com o Ministério Público Federal, foi apontado como operador de pagamento de propinas ao PT.
Em sua segunda condenação na Lava-Jato, dirceu deverá cumprir 8 anos e dez meses de prisão.
Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF), ele é acusado de receber propina em um contrato superfaturado da Petrobras com a empresa Apolo Tubulars, fornecedora de tubos para a estatal, entre 2009 e 2012.
Parte dos valores, que chegaram a R$ 7.147.425,70, foram repassados a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, e parte a Dirceu. Para disfarçar o caminho do dinheiro, Dirceu e seu irmão usaram, segundo a denúnica, a empresa construtora Credencial para receber valor de cerca de R$ 700 mil, tendo o restante sido usado em despesas com o uso de aeronaves em mais de 100 vôos feitos pelo ex-ministro.
Em outro processo, o TRF-4 determinou também nesta quinta-feira a execução da pena do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e do empresário pecuarista José Carlos Bumlai . O tribunal julgou os embargos das defesas dos condenados e manteve as penas aplicadas a Vaccari e Bumlai. Eles foram considerados culpados no processo que avalia corrupção na obtenção de um empréstimo de R$ 12 milhões em 2004.
Vaccari está preso preventivamente desde o dia 15 de abril de 2015, por decisão do então juiz federal Sergio Moro, na 12ª fase da Operação Lava-Jato. Já Bumlai se encontra em liberdade.