“Escola do Jardim”, uma aula de Epicuro para os tempos difíceis de sempre…

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Antonio Rocha

No momento em que as aulas de Filosofia (Ciências Humanas) estão na berlinda, professores e alunos observando a vaca da Sabedoria indo para o brejo, uma antropóloga sugeriu nas redes sociais que a matéria seja estudada nas praças públicas, nas ruas, nos bares, nos lares, nas igrejas progressistas, como eram na Grécia antiga, ao ar livre, desde que não esteja chovendo.

O termo “vaca da Sabedoria” não é pejorativo, lembremos que na Filosofia indiana, o citado animal é Sagrado, pois remonta à milenar Literatura Védica, informando que no princípio do Cosmos, tudo parecia uma imensa bacia de leite. Este foi se solidificando como uma grande coalhada e eis a nebulosa que gerou todas as coisas.

OS CULPADOS – Os tempos são estranhos, li outro dia que importante astrólogo declarou que a culpa de estarmos neste inferno astral seria dos professores, meus queridos colegas de Filosofia, Sociologia e História, uma pena, até onde os conheço não cometeram nada de grave.

Fui então pesquisar um pouco sobre as aulas no seio da Natureza e encontrei a “Escola do Jardim”, um texto que data do século III antes de Cristo. Está na “Carta a Meneceu”, obra filosófica de Epicuro (341-270 antes de Cristo).

Aproveito e recomendo a fonte da minha pesquisa: “100 obras-chave de Filosofia”, editora Vozes, 2010

RARO ESCRITO – Desta obra, página 158, de onde extraímos este trecho.“Carta a Meneceu” é um dos raros escritos que restam da imensa obra de Epicuro, que conhecemos sobretudo através de seu discípulo Lucrécio. O projeto do fundador da Escola do Jardim, numa época em que a Grécia atravessava uma grave crise política, econômica e social…”

Ele tenta fundamentar possíveis soluções refletindo sobre as causas da infelicidade humana, rumo à Ataraxia, que vem a ser: “Ausência de perturbação, tranquilidade da alma: ideal que o sábio atinge graças ao conhecimento, que o livra dos desejos ilimitados (consumismo) gerados por suas falsas opiniões”.

COISA ANTIGA – Pode ser que algum comentarista afirme ser um trabalho muito antigo e que não serve para o século 21. Mas esta é uma das propostas da Filosofia, não responder nada, deixar que o outro tire as suas conclusões. O Pensamento Filosófico levanta questionamentos, ensina a pescar, não dá o peixe.

E na Escola do Jardim, educandos e educadores contemplavam a beleza do pensar, do refletir, do aprendizado constante em meio à Natureza. Ninguém é dono da verdade. Todos somos aprendizes, apenas estagiários da vida.

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