Moro contesta Bolsonaro e diz que Coaf deve permanecer no Ministério da Justiça

Sergio Moro participou de evento em BH e disse entender que Coaf deva permanecer sob 'guarda' do Ministério da Justiça

Sergio Moro mostrou opinião contrária à de Guedes e de Bolsonaro

Fransciny Alves e Sávio Gabriel
O Tempo

Indo de forma contrária ao que disse o presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse nesta sexta-feira (26) que entende que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) deveria permanecer sob a responsabilidade de sua pasta. Para conseguir apoio do Congresso, o chefe do Executivo deixou aberta a possibilidade de retornar o Conselho para o Ministério da Economia, o que vai contra aos plano do ex-juiz.

Um dos pedidos que teriam sido feitos por Moro para deixar a magistratura e ocupar um lugar na Esplanada dos Ministérios foi de que o Coaf deixasse de ser vinculado ao Ministério da Fazenda e passasse para as mãos do atual ministro. No entanto, durante a palestra, Moro garantiu que não pediu para que o conselho ficasse subordinado à pasta da qual é titular.

FOI OFERECIMENTO – “Eu não sou tão ambicioso assim. Não pedi, ele me foi oferecido e eu aceitei”, afirmou. Ainda segundo ele, desde que o Ministério da Justiça passou a ser responsável pelo Conselho, o trabalho foi ampliado, sendo que há perspectiva de passar o número de servidores do grupo de 31 para 64: “Nosso objetivo é melhorar o Coaf”.

Moro afirmou ainda que entende que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem pautas importantíssimas para se preocupar, como taxa de juros, crescimento da economia e a nova Previdência. Por isso, segundo ele, o trabalho do Coaf tem relação com âmbito da segurança por investigar, entre outros pontos, crimes relacionados à lavagem de dinheiro.

“O importante é fazer o crime não compensar, mandar para prisão e confiscar o produto do crime. Pra isso, o Coaf é um importante mecanismo de detenção e prevenção de lavagem de dinheiro”, declarou.

DISSE BOLSONARO – Nesta quinta-feira, Bolsonaro confirmou que não se opõe a retirar o Coaf da responsabilidade do Ministério da Justiça para, assim, conseguir apoio do Congresso para aprovar a Medida Provisória (MP) que reduziu de 29 para 22 o número de ministérios. Essa MP precisa ser apreciada pelos deputados federais e senadores até 3 de junho, caso contrário a Presidência vai ter que reorganizar novamente a estrutura ministerial do governo.

O ministro Sergio Moro participou, na manhã desta sexta-feira (26), da segunda edição do “TSX Meetings”, que reúne líderes das esferas públicas e privadas do país em Belo Horizonte. O evento ocorreu em um hotel na região Centro-Sul da capital mineira e contou também com a presença do governador Romeu Zema (Novo), que fez um rápido discurso na abertura do encontro.

NOVOS PROJETOS – Para uma plateia formada por cerca de 300 empresários, o ministro da Justiça falou sobre os projetos que estão em andamento na pasta. Entre eles, o trabalho de reestruturação e fortalecimento das forças-tarefas de combate à corrupção e lembrou também da criação da Secretaria de Operações Integradas (Seop).

O ex-juiz voltou a defender a execução de cumprimento da pena logo após condenação em segunda instância, em alusão indireta a condenação do ex-presidente Lula (PT).

E, ao final da palestra, Moro reforçou a importância das pautas ligadas à segurança pública, apesar de o Congresso Nacional, neste momento, estar focado no projeto da nova Previdência. “Sei que há preocupação com relação a nova Previdência e eu concordo. Corremos o risco de não ter aposentadoria para nossos filhos e netos, mas essa pauta anticrime também é importante. São 60 mil pessoas que perdem as vidas todos os anos e poderiam não ter perdido”, concluiu.

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