Empregado do Coronel Lima quer depor sobre movimentação de R$ 20 milhões

Lima deixou crescer o bigode para se disfarçar, digamos assim

Flávia Januzzi e Arthur Guimarães
Jornal Hoje

A Lava Jato do Rio identificou Antônio Carlos Correia da Silva como a pessoa que tentou transferir, em outubro, R$ 20 milhões de uma empresa de João Baptista Lima, o Coronel Lima, braço-direito do ex-presidente Michel Temer. A empresa era usada para a lavar dinheiro, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

A tentativa frustrada foi revelada pelo MPF e apontada no pedido de prisão da Operação Descontaminação, na qual foram presos o ex-presidente Michel Temer, o ex-ministro Moreira Franco e o Coronel Lima. Eles foram soltos quatro dias após a ação.

APANHADO NO COAF -Antônio Carlos é gerente financeiro da Argeplan, que tem Coronel Lima como um dos controladores. A movimentação foi informada, inicialmente, em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que não identificava o autor. Depois, o próprio Coaf apontou Antônio Carlos como o responsável.

Segundo depoimento, Antônio Carlos pediu a abertura de contas para duas empresas: a PDA Projeto e Direção Arquitetônica e PDA Administração e Participação Ltda. Ambas são controladas pelo Coronel Lima. Ele também teria tentado abrir uma conta para Carlos Alberto Costa, outro sócio da Argeplan.

A gerente do banco, Silvana Alves de Souza, diz que a agência bancária recusou a abertura das contas porque a Argeplan está sendo investigada. Ela conta ainda que Antonio Carlos recebeu a informação no dia seguinte, recolheu a documentação e foi embora.

ERA PROCURADOR – O gerente da Argelpan foi questionado no banco sobre a origem do dinheiro e disse que era apenas o procurador. “O sócio Lima”, disse ele, poderia prestar informações sobre a origem dos valores.

Procurado em sua casa, Antônio Carlos não foi encontrado. A irmã dele disse que ele começou a trabalhar na Argeplan em 2014, que ficou indignado quando a história do dinheiro surgiu e que ele quer ser ouvido.

DIZ A DEFESA– Os advogados de João Baptista Lima Filho e de Carlos Alberto Costa declaram que a retificação das informações pelo Coaf mostra que não houve qualquer tentativa escusa de depósito de valores em espécie e que existiu apenas contato com o banco para possível abertura de conta e consequente transferência formal de valores de origem lícita que já se encontravam depositados em outra instituição financeira.

A defesa de Michel Temer afirmou que essa versão afasta qualquer possibilidade de caracterização de crime de lavagem de dinheiro – o qual, se houvesse ocorrido, teria de ser apurado em São Paulo, não no Rio de Janeiro. E que o ex-presidente não é e nunca foi sócio da Argeplan, sendo improcedente imputar a ele algo que poderia ter sido praticado por alguém da empresa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *