Lei para isolar internet avança na Rússia

Usando como argumento a defesa da soberania nacional, a Rússia quer tornar a internet no país independente da rede mundial

Lei para isolar internet avança na Rússia
Pelo projeto, todo o tráfego será controlado pelas autoridades russas (Foto: Duma/Divulgação)

A Câmara Baixa da Rússia (Duma) aprovou, por 320 votos a 15, um projeto de lei que prevê a criação da chamada “internet soberana” no país. A votação ocorreu na última quinta-feira, 11. Os senadores ainda precisam aprovar o projeto antes da sanção presidencial. A legislação deve entrar em vigor no próximo mês de novembro.

Usando como argumento a defesa da soberania nacional na internet, a Rússia vai limitar o uso da tecnologia no país. Isso porque todo o tráfego será controlado pelas autoridades russas. Basicamente, a internet no país vai funcionar independente da internet mundial.

Os apoiadores da lei argumentam que a medida é importante para o caso da Rússia ser cortada da internet global. Durante o discurso, o presidente da Duma, Viacheslav Volodin, justificou a necessidade da lei citando as possibilidades de interferência mundial em assuntos internos do país.

“O fato de que o acesso e a gestão de dados é exercido fora de nossos países deve ser motivo de preocupação. E nossos cidadãos podem ser desconectados e não poderão usar serviços eletrônicos, redes sociais do exterior, por exemplo, no caso de sanções ilegais”, afirmou Volodin. O deputado Nikolai Zemtsov, que votou a favor da resolução, admitiu que a Rússia pode buscar o apoio de antigos países soviéticos para expandir a iniciativa.

De acordo com ativistas e opositores do projeto de lei, a nova legislação quer controlar o que os russos fazem na internet. Segundo a oposição, o objetivo do governo é criar um monopólio estatal, fazendo com que a navegação dos usuários se torne mais difícil. Em março, milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra a legislação.

A limitação da internet na Rússia não é novidade. O país está trabalhando, juntamente com a China, desde 2016, para limitar o tráfego online no país. Isso porque o governo russo acredita que a internet seja majoritariamente controlada pelos Estados Unidos. Os países estão atuando juntos para aplicar a “cortina de fumaça virtual” da China na Rússia. Relatos apontam que diferentes conteúdos de empresas como LinkedIn e Telegram já foram bloqueados.

“Anteriormente, quando falamos sobre interferência nos assuntos de outros estados, queríamos dizer, antes de mais nada, ações agressivas envolvendo o cruzamento de fronteiras. Mas no mundo moderno, não há necessidade de cruzar a fronteira para causar danos a outro estado”, explicou Volodin, concluindo em seguida.

“As tecnologias da internet possibilitam a intromissão no trabalho de órgãos estatais, em campanhas eleitorais, na operação de usinas nucleares, para criar um colapso de tráfego, para derrubar o sistema financeiro de países e corporações. Os perpetradores prejudicam a reputação de pessoas, organizações e nações inteiras”, disse o presidente da Duma.

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