Criminalidade diminui no Rio e Witzel tenta projetar sua imagem nacionalmente

Imagem relacionada

Witzel instituiu uma política de Tolerância Zero no Rio de Janeiro

Italo Nogueira
Folha

Eleito com um discurso em defesa do endurecimento no combate ao crime, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), completa cem dias no cargo buscando suavizar sua imagem. Ao mesmo tempo em que mantém a defesa do “abate” de criminosos portando fuzis, o governador tenta ampliar sua presença em agendas de outros temas. Reformas da Previdência e tributária, combate à corrupção e até turismo ganham espaço entre os compromissos de Witzel.

O ex-juiz reativou inclusive as viagens oficiais internacionais no estado, extintas por decreto desde 2016 em razão da crise financeira. Foi para a Alemanha numa feira de turismo e para os Estados Unidos participar da Brazil Conference, em Boston (EUA), onde teve encontro com políticos e empresários.

PROTAGONISMO – Com o desejo de se tornar um candidato viável para a Presidência da República em 2022, Witzel tem buscado se distanciar da imagem do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Pretende se apresentar como representante de uma direita mais pragmática, reduzindo a influência da ideologia na condução do seu governo.

A intenção de Witzel, contudo, tem encontrado obstáculos na vida real do estado e nos primeiros resultados de seu governo. Embora o estado tenha registrado uma queda de 22,5% nos homicídios nos dois primeiros meses deste ano, o número de mortos pela polícia atingiu um recorde da série histórica para o período, de 305 vítimas.

Em fevereiro, a Polícia Militar matou 15 numa operação em favelas do centro, numa ação sob investigação que teve apoio imediato do governador. “Nossa polícia atuou para defender o cidadão de bem”, disse o governador, em fevereiro.

AUDITORIA – Nesta segunda (8), após a ação de militares do Exército que resultou na morte de um músico com mais de 80 tiros em Guadalupe, zona norte do Rio, Witzel afirmou ao O Globo: “Não sou juiz da causa. Não estava no local. Não era a Polícia Militar. Quem tem que avaliar todos esses fatos é a administração militar. Não me cabe fazer juízo de valor e nem muito menos tecer qualquer crítica a respeito dos fatos. É preciso que a auditoria militar e a Justiça Militar e o Exército faça as devidas investigações”.

Na semana passada, nos Estados Unidos, amenizou o discurso. “Ninguém quer a violência. Ninguém quer o confronto. A política de segurança do Rio de Janeiro não está baseada na política de confronto. É muito mais amplo do que isso”, afirmou Witzel, no Brazil Conference.

PENITENCIÁRIAS – Witzel defendeu até a melhoria das penitenciárias para ressocialização de presos, discurso distante do bolsonarismo que o ajudou a ser eleito.

“É preciso ter penitenciárias que reduzam a reincidência e reintroduzir à sociedade aqueles que praticaram crimes e tiveram envolvidos com o crime organizado. Foram cooptados pelo crime organizado e tiraram a oportunidade deles de estudar, de ser inserido na sociedade”, disse o governador no encontro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *