Sindicato de jornalistas acusa coletivos favoráveis a Nicolás Maduro de impedir a imprensa de sair do Parlamento. Em discurso, Guaidó criticou chegada de militares russos em meio a novo apagão no país.
Um grupo de pessoas armadas cercou a Assembleia Nacional da Venezuela nesta terça-feira (26), informou a imprensa venezuelana. Segundo o jornal “El Nacional”, militantes favoráveis ao regime de Nicolás Maduro atiraram artefatos explosivos no carro onde estava o autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó. Ele não se feriu.
De acordo com a entidade, um grupo atacou um carro das equipes de reportagens. Alguns criminosos, diz o SNTP, chegaram a roubar um dos veículos.
O SNTP acusa o grupo de fazer parte dos “coletivos” – conjuntos de militantes favoráveis a Nicolás Maduro que têm acesso a armas.
Guaidó critica presença de militares da Rússia
Juan Guaidó discursa na Assembleia Nacional da Venezuela nesta terça-feira (26) após chegada de militares russos — Foto: Ivan Alvarado/Reuters
Momentos antes da confusão, no Parlamento, Guaidó – que preside a Assembleia – afirmou que a chegada de militares russos na Venezuela viola a Constituição.
“Parece que eles [o regime de Maduro] não confiam em seus militares”, ironizou Guaidó em discurso aos parlamentares. Segundo a lei, é o Parlamento que deve ou não autorizar missões militares estrangeiras na Venezuela.
Aviões da Força Aérea da Rússia pousam em Caracas, na Venezuela, no sábado (23) — Foto: REUTERS/Carlos Jasso
O governo russo confirmou nesta terça-feira o envio de militares para ampliar a “cooperação” entre Moscou e Caracas, “com pleno respeito à legalidade”, segundo declarou a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Maria Zajarova.
O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, defendeu, por sua vez, essa comitiva castrense em nome do governo de Maduro. “O apoio da Rússia à Venezuela se baseia em verdades, senso comum e respeito ao Direito Internacional”, escreveu no Twitter.
“Eles não trouxeram geradores elétricos naqueles aviões, não trouxeram técnicos. Não. Trouxeram soldados estrangeiros para o solo nacional”, disse Guaidó, segundo a agência France Presse.
Novo apagão na Venezuela
Pedestre passa ao lado de metrô fechado durante apagão nesta terça-feira (26) — Foto: Yuri Cortez/AFP
As tensões coincidem com um apagão que paralisa grande parte da Venezuela. Uma falha elétrica foi registrada na segunda-feira às 13h22 do horário local (14h22 de Brasília), 18 dias depois do maior blecaute da história venezuelana.
O regime Maduro suspendeu nesta terça-feira o dia de trabalho e as aulas nas escolas por 24 horas na Venezuela. Em Caracas, nesta manhã terça, os comércios, bancos e colégios estavam fechados e o transporte público em circulação era mínimo. O metrô e os trens não estavam operando. O governo chavista, mais uma vez, atribuiu o apagão a uma sabotagem de opositores.
A imprensa da Venezuela afirmou, no início desta noite, que a luz voltava aos poucos em alguma das regiões afetadas. No entanto, mais uma vez, venezuelanos foram às ruas reclamar da falta de energia – cada vez mais constante no país.
Fonte:G1/Globo