Tao Te King (Livro do Caminho e da Virtude), um clássico da Literatura e Filosofia da China

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Lao Tsé diz que os conceitos de direita e esquerda se completam

Por Antonio Rocha

Existem várias traduções em português. Acredita-se que o “Tao Te King” (Livro do Caminho e da Virtude), de Lao Tsé, tenha sido escrito por volta do ano 600 antes de Cristo. A versão que vou abordar hoje é a da editora Pensamento, 1978. Com os textos e comentários do filósofo alemão Richard Wilhelm, respeitado escritor, teólogo, missionário protestante e sinólogo da Universidade de Tubingen.

Richard Wilhelm (1873-1930) era especialista na antiga língua chinesa. Recentemente, muitos passaram a escrever “Dao” em vez de “Tao” por motivos das mudanças no mandarim.

DEUS CRIADOR – Mas o termo que se popularizou em todo o mundo foi o Tao. Uns constatam que o Tao é o Deus Criador. Que antigos hebreus chamavam de El Shaddai, outros vem no Tao o Buddha Primordial que sempre existiu e vai existir sempre. Há aqueles que chamam o Tao de Cosmos ou Infinito, o Logos dos gregos. Sinônimos existem vários, mas o sentido é um só: Aquele Inominável misterioso.

Há quem seus ensinamentos aplique na Política, como um manual para governar bem, outros utilizam nas relações empresariais, comércio exterior, empreendedorismo e afins. São 81 reflexões filosóficas. Na forma de poemas. Vejamos a de número 31, página 67 da referida edição, onde o autor Lao Tsé, para muitos um ser místico, mítico e lendário, nos fala que tanto a Esquerda quanto a Direita são importantes para um bom governo.

CONCEITOS – É tolice uma querer acabar com a outra. Ainda que se diga hoje que tais conceitos de Direita e Esquerda estejam ultrapassados, mas constituem um princípio, um método de interpretação da vida, uma vivência cuja boa sorte é o Caminho do Meio, preconizado pelo Buda histórico, Sidarta Gautama, que viveu na mesma época, na Índia:

“Armas são instrumentos de mau agouro;
Todos os seres, creio, bem que as odeiam.
Por isso o possuidor do verdadeiro Tao
Não quer saber delas.
O nobre, em sua vida habitual,
Considera a esquerda o lugar de honra.
Mas na carreira das armas,
O lugar de honra é a direita.
As armas são instrumentos de mau agouro;
Não são instrumentos para os nobres,
Que só as usam quando não podem evitá-lo.
Para eles, a tranquilidade e a paz são o bem supremo.
Ele é vitorioso, mas não se alegra com isso.
Quem se alegrasse com isso
Se alegraria com a matança de homens.
Quem se alegrasse com a matança de homens
Não poderia alcançar seu objetivo no mundo.
Nos dias felizes, a esquerda é considerada o lugar de honra;
Nos dias infelizes, a direita é considerada o lugar de honra.
O vice-comandante fica à esquerda,
O comandante supremo à direita.
Isso significa que ele ocupe o seu lugar
Segundo as regras usadas nas exéquias.
Matar grande número de homens
Deve ser lamentado com lágrimas de compaixão.
A atitude de quem saiu vitorioso da batalha
Deve ser a mesma que a de quem assiste a um funeral.”

Informam os editores que, depois da Bíblia, é o livro mais traduzido do mundo. 

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