O psicopata dos psicopatas. Por Marcelo Rubens Paiva

Por Marcelo Rubens Paiva

A loucura da rede social não tem limites.

Se você tem filhos pequenos, como eu, deve estar horrorizado pelo efeito que uma lenda urbana digital, que hoje em dia se espalha velozmente, causa numa criança.

E deve sentir a mesma raiva que eu: quem inventou essa maldita bruxa Momo?

Toda literatura infantil é baseada em lendas. O medo é recorrente nos contos de fada. Uma criança aprende a temer floresta, predadores, o desconhecido, a buscar abrigo com a família, e entra em contato com os perigos da morte e da sua existência.

Até aí, faz parte da elaboração da consciência e do papel social de criaturinhas que até anos antes não existiam.

Mas Momo extrapola. O ser horripilante, meio boneca, meio galinha, ensina crianças a se mutilarem. Ensina a se matarem. Ou, caso não matem os pais, podem ser abduzidas por ela.

Não é cedo para a absorção do freudiano Complexo de Édipo (matar o pai para ficar com a mãe).

Porém, Momo é uma ideia que deve ter partido da mente mais doentia de todas, de um mundo que está doido, que decidiu, através de um hoax, assustar crianças via redes sociais e faturar.

Na verdade, a resposta de quem ela é estaria em números a serem adicionados pelo WhatsApp, para dados serem afanados de celulares.

Ou em cliques tão necessários para aqueles que vivem hoje da audiência das redes.

E foram bem-sucedidos. As crianças estão bem assustadas. Nos grupos de pais dos condomínios ou escolas, todos só falam disso.

Assim como meu filho de cinco anos, elas não dormem há dois dias. Meu mais novo, de quase três, não quer ir para a escola agora, quando antes acordava rindo e saltitante.

Nossa missão é: isso é mentira, é lenda, é besteira, não existe, esquece…

Momo é uma escultura da exposição Ghost de 2016 em Tóquio: um misto do grotesco e erótico, o “eroguro”, da lenda japonesa Ubume (dos “youkais”, seres sobrenaturais meio bicho meio humano que representam perigo aos aldeões).

Cada um tem uma teoria, mas dizem que Momo era uma mãe que morreu no parto e quer se vingar. Para isso, muda de forma para enganar as pessoas.

O ídolo de todos, Felipe Melo, num vídeo de 6,3 milhões de viewers, explica em seu canal do YouTube, no O Mistério da Momo, quem ela é.

Acusa concorrentes que quererem audiência, cliques, mostra vários exemplos de aproveitadores e acalma a criançada.

Melo merece respeito. O cara é bom, tem repertório e faz um belo serviço.

Desmistifica os memes, e Momo vira piada. Acho uma boa saída. Valeu.

https://www.youtube.com/watch?v=G6jwxa1wElo

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