Trump apoia Brasil na OCDE, mas impõe condições que não nos interessam

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe o presidente Jair Bolsonaro na Casa Branca â?? Foto: Carlos Barria/Reuters

Trump é um espertalhão que promete tudo, mas não entrega nada

Por G1 — Brasília e Washington

Em encontro na Casa Branca com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (dia 19) que apoia o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A declaração foi dada à imprensa durante reunião bilateral entre os dois presidentes, em Washington. Bolsonaro chegou à Casa Branca às 13h04 e foi recebido logo na entrada do prédio por Trump.

Mais cedo, o presidente brasileiro se reuniu com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.

COOPERAÇÃO – “Eu estou apoiando os esforços deles [brasileiros] para entrar [na OCDE]”, disse Trump, ao lado de Bolsonaro. Ele não deu mais detalhes sobre o assunto.

A OCDE atua como uma organização para cooperação e discussão de políticas públicas e econômicas que devem guiar os países que dela fazem parte. Para entrar no acordo, são necessárias a implementação de uma série de medidas econômicas liberais, como o controle inflacionário e fiscal. Em troca, o país ganha um “selo” de investimento que pode atrair investidores ao redor do globo.

Mais cedo, de acordo com a agência Reuters, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que os Estados Unidos querem que o Brasil deixe a lista de países de tratamento especial e diferenciado da Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio norte-americano à entrada brasileira na OCDE.

SEM PROTECIONISMOS – A lista de países de tratamento especial e diferenciado da OMC, em que os países se autodenominam “em desenvolvimento”, dá vantagens especiais como mais tempo para cumprir acordos e outras flexibilidades.

De acordo com a Reuters, o governo norte-americano, contrário à lista, quer terminar com o modelo, do qual o Brasil participa até hoje, e quer ajuda do governo brasileiro.

Questionado sobre o que esperava que Bolsonaro levasse como resultado da visita aos Estados Unidos, Trump afirmou que o país tem “muitas coisas” que o Brasil gostaria, como o comércio. “Estamos trabalhando nessas coisas. Um dos aspectos é o comércio. O Brasil fabrica ótimos produtos e nós produzimos ótimos produtos. No passado, nosso comércio nunca foi tão bom quanto deveria ser. Em alguns casos, deveria ser muito mais. Então achamos que nosso comércio com o Brasil aumentará substancialmente em ambos os sentidos e estamos ansiosos para isso”, afirmou Trump.

FUTEBOL – No encontro, os presidentes trocaram camisas das seleções de futebol do Brasil e dos Estados Unidos e citaram a admiração mútua pelo ex-jogador Pelé, considerado o rei do futebol.

Bolsonaro está desde domingo (17) em Washington para sua primeira visita oficial aos EUA, a segunda viagem internacional de seu mandato. O encontro privado com Trump é o principal compromisso dos três dias de agenda de Bolsonaro em Washington.

Na sequência, o presidente brasileiro visitará o cemitério nacional de Arlington, local onde estão os restos mortais de 400 mil soldados norte-americanos e de outros 11 países. Ainda nesta terça, Bolsonaro terá uma reunião com lideranças religiosas dos EUA e um jantar de trabalho antes da partida para Brasília. Ele deve chegar em Brasília nesta quarta-feira (20).

TRUMP TROPICAL – Desde a campanha eleitoral, em 2018, Bolsonaro defende uma maior aproximação do Brasil com os EUA. Já em Washington, ele declarou que deseja um Brasil “grande”, a exemplo dos planos de Trump para seu país.

Bolsonaro, que já foi chamado de “Trump dos trópicos” pela imprensa estrangeira, reforçou o desejo de parcerias com os norte-americanos na segunda (18) ao discursar no “Dia do Brasil em Washington”, na Câmara de Comércio dos Estados Unidos.

Nesta terça, ao lado de Trump, Bolsonaro disse que é uma satisfação estar nos Estados Unidos “depois de algumas décadas de presidentes antiamericanos”. O presidente brasileiro disse que “agora” o “Brasil mudou” e que o país “tem muito muito a conversar, muita coisa a oferecer para os nossos povos”, assinalando que “a partir desse momento aqui, o Brasil está mais do que nunca engajado com os Estados Unidos”.

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