Venezuela atinge estágio de deterioração total

Sem energia elétrica desde o último dia 7 de março, a Venezuela vive um momento de deterioração que atinge até mesmo os hospitais

Venezuela atinge estágio de deterioração total
Maduro herdou o discurso nacionalista, mas também recessão econômica de Chávez (Foto: Nicolás Maduro/Twitter)
Claudio Carneiro

No campo minado das redes sociais, muitos perguntam por que políticos tão afinados com o regime de Nicolás Maduro, como Jean Wyllys e Márcia Tiburi, preferiram a Alemanha e a França, respectivamente, – e não a Venezuela -, como destino de seus autoexílios. Fato é que as duas polêmicas personagens – como o mundo inteiro – conhecem muito bem a situação de penúria que vive o antes tão próspero país sul-americano.

Sem energia elétrica desde o dia 7 deste mês – o que compromete o abastecimento de água e agrava ainda mais o problema da escassez de alimentos –, o país dono das maiores reservas de petróleo do planeta vive um momento de deterioração que atinge até mesmo os hospitais – não mais imunes a tantos reveses. Tal situação fez com que o secretário de Estado, Mike Pompeo, determinasse a retirada até o fim desta semana da última equipe da embaixada norte-americana em Caracas. Não há mais interesses diplomáticos ou comerciais diante deste cenário. Assim, os Estados Unidos continuarão forçando a saída de Maduro e sua substituição pelo oposicionista Juan Guaidó.

Segundo a ONG Médicos pela Saúde, o blecaute tem provocado falhas em equipamentos e a falta de insumos hospitalares, matando pelo menos 21 pessoas: 15 em Monagas, quatro recém-nascidos em Caracas, outro bebê em Maracaibo e, para completar a mórbida matemática, um adulto em Maracay. Ao ministro da Saúde, Carlos Alvarado, restou somente uma declaração oficial: “O plano de contingência funcionou, se surgiu alguma falha foi corrigida, e os pacientes que o pediram foram transferidos”. Para justificar tanta incompetência, o Palácio Miraflores ainda alegou uma sabotagem digital comandada pela Casa Branca – esquecendo-se que a energia venezuelana ainda está na era dos fusíveis e das gambiarras – sem qualquer integração a sistemas sofisticados.

Números assustadores

A pior crise econômica da Venezuela começa pelo estômago. Ao contrário do rechonchudo Maduro, 75% da população perderam, em média, entre 8,7 kg e 11 kg devido à falta de alimentos. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação do país atingirá este ano a marca dos 10 milhões por cento. A taxa de homicídios, de 90 por 100 mil habitantes, é nove vezes mais alta do que o índice que a Organização Mundial da Saúde considera “violência epidêmica”. Não existe uma expressão para denominar a situação de segurança de um país com 1,6 milhão de milicianos a serviço do governo.

Um pouco de História

O destino de um dos países mais desenvolvidos e estáveis do continente começou a mudar com a eleição de Hugo Chávez, em 1998. O militar liderou o que chamou de Revolução Bolivariana. Nos primeiros anos, o populista implantou políticas de inclusão social e de transferência de renda. O sucesso inicial dos programas rendeu a Chávez grande popularidade. Quando morreu em 2013, a economia do país já fraquejava a olhos vistos.

Maduro herdou o discurso nacionalista, mas também recessão econômica, inflação galopante e escassez de alimentos. O ex-maquinista do metrô de Caracas tirou definitivamente o país dos trilhos: sem habilidade alguma em sua política externa, ele estabeleceu uma ditadura – apoiada pelo absurdo número de 2 mil generais e de sua própria Gestapo: o temido Serviço de Inteligência Bolivariana (Sebin), que promove torturas e o desaparecimento de pessoas que se opõem aos desmandos patrocinados pelo governo.

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