A escritora negra e pobre, um dos principais nomes da literatura no Brasil, é homenageada pelo Google nesta quinta-feira
A escritora Carolina Maria de Jesus. AGÊNCIA BRASIL
Se estivesse viva, Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras e mais importantes escritoras brasileiras, completaria 105 anos nesta quinta-feira, 14 de março. Seu livro de estreia, Quarto de Despejo, quando lançado em 1960, vendeu 10 mil cópias em uma semana. Moradora da favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, por boa parte de sua vida, Carolina teve fama, foi traduzida em mais de duas dezenas de línguas, chegou a Europa, Ásia e América Latina, mas morreu em relativo esquecimento em 1977. Ainda hoje, a vida dela inspira escritores, jornalistas e até ilustradores à altura de grandes prêmios.
O cotidiano da vida no Canindé – o verdadeiro quarto de despejo do título do livro – narrado por Carolina de Jesus é esquálido, violento, permeado por doenças, alcoolismo e fome, a fome que, logo de início, é definida como a escravidão dos tempos modernos. Mas também é cheio de suas reflexões sobre o Brasil e a vida da mulher negra. O relato literário recebeu críticas e comentários de escritores e intelectuais como Sérgio Milliet, Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira. No exterior, Carolina foi recebida com entusiasmo por Pablo Neruda e Octavio Paz
No ano passado, o jornalista Tom Farias lançou o livro Carolina: uma biografia, editado pela Malê, com o objetivo de humanizar a figura de Carolina de Jesus, tentando desvinculá-la do mito. Para ele, a escritora, ao contrário do que se pensa, não nasceu intelectualmente em 1960, com a publicação de seu livro. A biografia revela textos e matérias de jornais em que Carolina de Jesus já aparecia em 1940. “Ela fazia uma ronda pelas redações e rádios, apresentava-se como ‘Carolina Maria, a poetisa negra’, e ia oferecendo seus textos para publicação. Muitas vezes, era olhada de forma enviesada, tratada com desdém, mas teve alguns sucessos”, conta.
Quadrinhos
Para o ilustrador e roteirista João Pinheiro, a palavra que define bem a obra é superação. “A história dela é muito triste, muito pesada muito para baixo. Mas ao mesmo tempo ela tem muita força. Então, apesar de ter essa miséria, fome, a situação degradante que ela vivia, por outro lado ela tem muita força e persistência. E supera tudo, mesmo diante daquelas dificuldades, ela consegue seguir em frente, levantar todos os dias e não desistir. Isso é o principal”, disse.
No #GoogleDoodle de hoje celebramos o aniversário de Carolina Maria de Jesus. A escritora, compositora e poetisa é uma referência mundial, tendo sido traduzida para mais de 13 idiomas. Ela é considerada a maior escritora negra do Brasil. #MesDaMulher #IgualdadeMultiplica
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