Faroeste em família, na sangrenta política dos irmãos Góis Monteiro.Por Sebastião Nery

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Silvestre Péricles de Gois Monteiro se sentia o dono de Alagoas

Por Sebastião Nery

“Se me aborrecerem o pau canta e não pára mais”; “O governador é quem manda em Alagoas e o que ele faz há de ser respeitado, custe o que custar, haja o que houver”; “O governador me perguntou (a um deputado da oposição, preso) se eu estava armado. Respondi-lhe que não era habituado a usar armas. Sacou então de um punhal ou faca e me ofereceu para que o matasse. Repeli. Tirou da cintura um revólver e me ofereceu para que eu o matasse”.

E mais: “A Assembléia está cheia de ladrões públicos. Eu vos afirmo com a responsabilidade de primeiro magistrado das Alagoas que haveremos de esmagar esses canalhas a pontapés e bofetões”; “Aqui quem resolve sou eu. Você acha que eu vá deixar alguém meter o bedelho em Alagoas? Tenho a faca e o queijo na mão. O meu sucessor tem que sair dessa cachola. Aqui em Alagoas quem manda sou eu”.

E mais ainda: “Um repórter me perguntou se eu ia indicar o futuro governador. Ora, se eu sou o dono de Alagoas, como é que eu ia aceitar essa coisa de indicar? Quem vai fazer o governador que me sucederá sou eu. Se o general Góis me der apoio, terei 90% dos votos. Se ficar neutro, terei 70% ou 80%. Mas se o general ficar contra, pode escrever que ele apanha”; “A Policia Militar está pronta para cumprir e fazer cumprir a lei e até viola-la para que não seja embaraçado o programa do governo. As fraquezas do regime não podem beneficiar os inimigos”.

SILVESTRE PÉRICLES – Isso aí não era conversa de Herodes, de nenhum sátrapa do mundo antigo ou qualquer sultão enlouquecido. Eram entrevistas de um general brasileiro, Silvestre Péricles de Goes Monteiro, governador de Alagoas entre 1947 e 1950, aos jornais do Estado, à ”Agência Meridional” dos “Diários Associados de Assis Chateaubriand, à “Folha da Manhã” (de São Paulo), ao “Correio da Manhã”, à “Tribuna da Imprensa”.

O espanto nacional era tanto que seu irmão, também militar, o senador Ismar Góis Monteiro, do PSD, ex-interventor de Alagoas, reagiu: “Alagoas está vivendo sob o regime do crer ou morrer. Já esperava a saída do PSD do governador Silvestre Péricles. O seu partido é o do ego e qualquer rótulo serve. O demônio anda solto em Alagoas. Não pára, não cansa, enlutando lares, ceifando vidas. Não sai o cheiro de enxofre, mas o cheio da pólvora homicida, o odor do sangue de suas vítimas”.

IMPEACHMENT – Na Assembleia, a oposição pediu impeachment ou intervenção:

“Já disse que impeachment é palavra inglesa. E intervenção é um termo empregado em cirurgia. Se houvesse impeachment ou intervenção em Alagoas, quem poderia aplicá-las era exatamente eu, porque tenho autoridade moral e patriótica para fazê-lo. Assassinos e roubadores estão a zombar. Aqui há muitas lagoas para afogá-los”

“Estou aqui eleito pelo povo,não existe força capaz de abalar-me. Repito a frase de Floriano Peixoto : “Desta cadeira, só a lei ou a morte me tiram”. E se existe alguma duvida sobre a minha ação, que se apressem no processo de impeachment ou intervenção, para sentir as consequências”.

GOIS MONTEIRO – O general Aurélio Góis Monteiro, também senador do PSD, declarou: “Não me envolverei mais na política partidária de Alagoas, tradicionalmente dissolvente, e, sob certos aspectos, sórdida”.

Mas deu entrevista solidário com o irmão (e contra os outros dois): “Ou acabo com o PSD alagoano ou o PSD acaba comigo. Lutei durante um ano para obter um entendimento. Edgard (mais um Góis, irmão deles) tudo fez para acalmar os ânimos. Não há ameaças de massacre aos deputados. Ainda (sic) não há necessidade disso. Se isso vier a ser necessário, quem comandará o massacre sou eu em pessoa”.

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