Oito executivos da Vale já estão presos, só falta prender os membros da direção

Policiais levam ao MP documentos apreendidos durante operação â?? Foto: Carlos Amaral/G1

Além das prisões, houve também  busca e apreensão de documentos

Flávia Cristini e Marina Borges
G1 e TV Globo

O Ministério Público de Minas Gerais afirma que os oito funcionários da Vale presos na manhã desta sexta-feira (15) tinham pleno conhecimento da situação de instabilidade da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão e tinham o dever de fazer a evacuação de risco para que vidas fossem poupadas. As alegações constam no pedido de prisão feito à Justiça.

A operação que apura a responsabilidade criminal pelo rompimento ocorreu em Minas Gerais, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A tragédia no dia 25 de janeiro tem 166 mortes confirmadas e 147 pessoas desaparecidas.

ERA OBRIGAÇÃO – “Tinham pleno conhecimento da situação de instabilidade da barragem B1 e tinham poder/dever, cada qual dentro de suas atribuições orgânicas, de adotar providências para a estabilização da estrutura e/ou evacuação da área de risco”, alegou o Ministério Público no requerimento à Justiça.

Para juiz Rodrigo Heleno Chaves, que determinou a prisão, há nos autos “fundadas razões de autoria do crime de homicídio qualificado pelo investigados”. A decisão é da 2ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Brumadinho.

“Constato que, aparentemente, no primeiro semestre de 2018, os funcionários da Vale ora representados tinham conhecimento da situação precária da barragem. […] Ao que parece os funcionários da Vale assumiram o risco de produzir o resultado”, diz trecho da decisão.

DIZ ENGENHEIRO – O juiz cita que o engenheiro da TÜV SÜD Makoto Namba, preso em 29 de janeiro e liberado posteriormente, assinou a declaração de estabilidade da barragem e já havia constatado que, dificilmente, seria possível atestar a estabilidade dela. Argumenta também que, mesmo diante de elementos de situação de emergência, funcionários da Vale não acionaram o Plano de Ações Emergenciais.

Com base em elementos colhidos em investigação, incluindo depoimentos, as alegações do Ministério Público foram pela incriminação de Alexandre de Paula Campanha, gerente-executivo da Geotecnia Corporativa da Vale; Artur Bastos Ribeiro e Cristina Heloíza da Silva Malheiros, integrantes da Gerência de Geotecnia; Felipe Figueiredo Rocha, Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo e Hélio Márcio Lopes da Cerqueira, do setor de Gestão de Riscos Geotécnicos; Joaquim Pedro de Toledo, gerente-executivo da Geotecnia Operacional da Vale; e Renzo Albieri Guimarães Carvalho, da Gerência de Geotecnia.

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