Gilmar Mendes tenta levar o STF a reagir corporativamente contra a Receita

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Gilmar plantou “fake news” de que os ministros são solidários a ele

Carlos Newton

Teve enorme repercussão em Brasília o vazamento da informação de que o ministro Gilmar Mendes e sua mulher Guiomar são alvos de um procedimento da Receita Federal que apura “focos de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e tráfico de influência”. Rápido no gatilho, o polêmico ministro reagiu à matéria da “Veja” pedindo apoio a Dias Tofolli, seu melhor amigo no Supremo, que prontamente se comunicou com a Receita, pedindo providências. E o secretário Marcos Cintra atendeu ao presidente do STF, mandando apurar o procedimento dos auditores.

A curiosidade que cerca o assunto é imensa, porque ninguém sabe o teor da denúncia que fez os auditores da Receita abrirem o procedimento de investigação. A única coisa que se sabe é que a movimentação financeira do casal Mendes é absolutamente atípica.

MUITO DINHEIRO – Segunda a revista “Veja”, um relatório de maio de 2018 apontou uma variação patrimonial do ministro, em 2015, de R$ 696.396, sem justificativa. Assinalou, ainda, que Guiomar “possui indícios de lavagem de dinheiro”. E destacou que a movimentação financeira do casal é alta. Em 2016, por exemplo, chegou a R$ 17,3 milhões.

A Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal) protestou contra a divulgação dos relatórios de fiscalização do ministro e pediu apuração e punição rigorosa de quem facilitou o vazamento. Mas a entidade fez questão de assinalar que “o Brasil é signatário da Convenção da ONU sobre combate à corrupção, bem como de outros compromissos e organismos internacionais, que definem que as pessoas politicamente expostas (PPE), grupo que inclui os ministros do STF, devem ser submetidas a um maior rigor por parte das autoridades tributárias, por estarem expostas a um maior risco de se envolverem em casos de corrupção”.

SEM ILEGALIDADE – A nota oficial da Unafisco destaca que nada há de ilegal ou anormal na existência de investigação na vida fiscal do ministro Gilmar Mendes. “Eventuais repercussões criminais serão apuradas pelas autoridades competentes para tanto, no tempo da lei. É de conhecimento público que, em muitos casos da Operação Lava Jato, por exemplo, ficou demonstrado que ilícitos tributários eram antecedentes de lavagem de dinheiro e de outros crimes”, diz a entidade, acrescentando:

“O que a Unafisco Nacional ressalta é que não há justificativa, moral ou legal, para qualquer nível de indignação do referido ministro do STF ou de qualquer outra autoridade pública quanto à existência da investigação de sua vida fiscal”.

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA” – No desespero, Gilmar Dantas imita Lula e Flávio Bolsonaro, ao afirmar que é alvo de “abuso de autoridade”. E está pedindo que os demais ministros protestem contra a Receita.

Seus assessores já plantaram matérias nos sites da grande imprensa, neste sábado, dando conta de que todos os ministros do Supremo estariam revoltados com a Receita e dispostos a reagir corporativamente. Mas eram “fake news”, porque até a noite de ontem nenhum ministro saiu em defesa de Gilmar Mendes. Pode ser que neste domingo até surja alguma declaração em defesa dele, mas sempre com reticências e atendendo a pedidos.

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