Farina, doleiro do esquema de Cabral e fugitivo da Lava-Jato, é preso no Paraguai

O doleiro brasileiro Bruno Farina, investigado pela Lava-Jato no Rio e sócio do 'doleiro dos doleiros' Dario Messer Foto: Divulgação

Bruno Farina era sócio de Dario Messer, o rei dos doleiros

Daniel Biasetto
O Globo

Alvo da operação “Câmbio, Desligo”, etapa da Lava-Jato que investigou uma rede de doleiros que lavavam dinheiro para o esquema de Sérgio Cabral , o doleiro Bruno Farina foi preso pela Interpol na noite desta quarta-feira no Paraguai, que cercou a casa dele, no Paraná Country Club,  área residencial de luxo na cidade de Hernandarias, perto de Ciudad del Este.

Ao lado de Dario Messer, ainda foragido e apontado como o “doleiro dos doleiros”, Farina já foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) acusado de formar uma organização criminosa que promoveu a evasão de divisas e lavagem de dinheiro desde a década de 1990. Os doleiros são suspeitos de movimentarem US$ 1,6 bilhão em 52 países.

Depois de preso, ele foi levado ao aeroporto de Luque, na região metropolitana de Assunção, e encaminhado ao Departamento de Investigação de Crimes da Polícia Nacional. Farina deverá ser apresentado às autoridades brasileiras nas próximas horas.

VAI ESCLARECER – “Não tenho nada a dizer. No Brasil, nunca fui acusado de nada. É uma investigação e vamos esclarecer tudo com o tempo”, disse Farina ao ser preso, de acordo com o jornal paraguaio “ABC Color”.

Farina fazia parte de uma longa lista de foragidos da Lava-Jato que, de acordo com os investigadores da força-tarefa, estão fora do país e têm paradeiro desconhecido. São 17 investigados que desapareceram de cena passando à condição de foragidos desde que o juiz Marcelo Bretas , titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, assinou os seus pedidos de prisão.

Da relação, só há certeza sobre o paradeiro de três deles: Arthur Soares, o Rei Arthur, empresário que o governo americano reconheceu estar em seu território, e Felipe Paiva e José Carlos Lavouras, ambos refugiados em Portugal por terem cidadania lusitana.

NA INTERPOL – No esforço de levar o grupo para trás das grades, a Lava-Jato incluiu os 17 nomes na difusão vermelha da Interpol (alerta internacional para fins de extradição) e busca acordos de cooperação internacional.

Já Messer, filho de doleiro e foragido desde abril, é o principal alvo da operação Câmbio, Desligo — que mandou prender 44 doleiros. A suspeita é que ele esteja no Paraguai, onde tem cidadania. O presidente paraguaio, Horacio Cartes, é amigo de Messer e já o chamou de “irmão de alma”. O nome do doleiro também foi incluído na lista da Interpol.

Para driblar a fiscalização dos órgãos de controle financeiro, as organizações criminosas passaram a desenvolver sofisticados esquemas de movimentação de recursos, no Brasil e no exterior. O sistema de compensação permite aos grupos praticar crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta de instituição financeira, por exemplo, por meio de uma rede de doleiros.

DINHEIRO VIVO – Por meio dessas operações, detalhadas pelo Ministério Público Federal (MPF), a organização criminosa consegue “gerar” reais em espécie no Brasil sem sacar o valor de bancos e também consegue alimentar contas no exterior sem um contrato de câmbio registrado no Banco Central.

O dinheiro vivo é um dos meios mais usados nas transações, por encobrir rastros e vinculações entre corruptor e corrupto.

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