Jornalistas italianos protestam pela liberdade de imprensa

Profissionais se unem em várias cidades do país contra os ataques do partido Movimento 5 Estrelas à liberdade de imprensa

Jornalistas italianos protestam pela liberdade de imprensa
Jornalistas que criticam o partido recebem mensagens agressivas online (Foto: ANSA)
Jornalistas italianos vêm protestando em diversas cidades do país contra os ataques do partido Movimento 5 Estrelas à liberdade de imprensa e aos insultos de seus líderes aos profissionais da imprensa.

O partido populista, que governa a Itália em coalizão com a legenda Liga de extrema-direita, também ameaçou cortar a verba de publicidade dos principais jornais, quando as relações com a mídia atingiram um ponto crítico após a absolvição em 10 de novembro da prefeita de Roma, Virginia Raggi, do M5S, acusada de nepotismo.

Luigi Di Maio, líder do M5S e vice-primeiro-ministro, atacou os jornalistas que acompanharam o caso durante dois anos, chamando-os de “canalhas” e acusando-os de disseminar notícias falsas, com o intuito de derrubar a prefeita. Por sua vez, Alessandro Di Battista, uma figura importante do partido, chamou as jornalistas de “prostitutas”.

Os insultos provocaram indignação nos sindicatos de jornalistas, o FNSI e o Usigrai, que organizaram manifestações nas principais cidades italianas, bem como em Bruxelas e Londres.

“A liberdade de imprensa está ameaçada. Não se trata apenas de casos isolados, mas sim de uma estratégia ampla para cercear o direito dos cidadãos de se manterem informados”, disse Vittorio di Trapani, presidente do Usigrai.

Raffaele Lorusso, presidente do FNSI, destacou que os jornalistas que acompanharam o caso de Virginia Raggi também fizeram a cobertura do processo judicial de seu antecessor do Partido Democrático de centro-esquerda, Ignazio Marino, acusado de corrupção e mais tarde inocentado.

“Os jornalistas que fizeram reportagens sobre Raggi foram insultados, mas por que os pouparam na época de Marino? Di Maio e outros do M5S que sonham em controlar a mídia vão se decepcionar. Ameaças e insultos não vão impedir que os jornalistas façam seu trabalho”, disse Lorusso.

A Associação de Imprensa Estrangeira da Itália manifestou sua solidariedade aos “colegas que estão sendo cada vez mais atacados na Itália e em outros países”. “Acreditamos que nosso trabalho é um dos pilares da democracia e hoje, mais do que nunca, precisa ser protegido”, apontou a associação.

Ao perguntarem a Di Maio em uma entrevista na televisão se gostaria de reconsiderar sua atitude em relação à imprensa, ele afirmou que mantinha sua posição frente ao ataque da mídia ao governo de coalizão.

O M5S tem como alvo especial o jornal La Repubblica, acusado pelo partido de divulgar “fake news”, uma expressão popularizada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Assim como o La Repubblica, jornalistas que criticam o partido recebem mensagens agressivas online.

Em setembro, Di Maio ameaçou cortar a verba de publicidade de empresas estatais depois de acusar os jornalistas de “poluir o debate político”.

O jornalista Gianni Riotta, colaborador do jornal La Stampa, disse que a ameaça de cortar a verba dos jornais era uma demonstração de poder sem fundamento, uma vez que os subsídios do Estado haviam sido cancelados há anos.

“O objetivo do M5E não é apenas o de criticar a imprensa italiana”, disse Riotta. “É um ataque ainda mais profundo e perigoso. Nos termos da Constituição da Itália os jornalistas têm o papel de preservar a democracia, um papel que os líderes do partido querem enfraquecer insidiosamente”.

Fonte:
The Guardian-Italian journalists respond with fury to M5S’s ‘whores’ insult

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