Tasso Jereissati fez um convite ao diálogo que o PT não quis entender

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PSDB errou ao apoiar Temer, diz Tasso Jereissati

Marcos Lisboa
Folha

Tasso Jereissati estendeu a mão. Pouco antes do primeiro turno, fez o que se tornou produto raro no debate público brasileiro: reconheceu erros. Para quem é do ramo, o gesto deveria ser óbvio. Em tempos de polarização, ele convidou o PT ao diálogo.

Vale lembrar que se tornou governador ao derrotar os velhos coronéis do Ceará e fez uma gestão admirável, iniciando uma sequência de administrações que, décadas depois, conseguiu alguns avanços importantes em um país carente de bons exemplos.

SEM MIUDEZAS – Tasso, de fala mansa e convicções firmes, foi fundamental para a aprovação de muitas reformas no começo do governo Lula. Apesar de estar na oposição, jamais compactuou com a miudeza da política de ocasião que tem como objetivo único derrotar o adversário.

O primeiro Lula reforçou a política de estabilidade econômica e aperfeiçoou a agenda social iniciada por FHC. Ele teve o mérito adicional de, por meio do seu discurso, trazer os grupos mais vulneráveis, incluindo as minorias, para o centro da política pública.

Paulatinamente, porém, o governo deixou de dialogar com a oposição, optando pela aliança com pequenos partidos em troca de cargos. Sabemos das consequências.

DESENVOLVIMENTISMO – Para piorar, a partir de 2008 resgatou o nacional-desenvolvimentismo tentado por Geisel e que nos levou à severa crise dos anos 1980. O resultado com o PT não foi diferente. Fracassaram quase todos os grandiosos projetos iniciados sob a euforia do pré-sal, ainda na década passada. Apesar disso, lideranças do partido insistem em atribuir a crise recente aos erros cometidos após 2013.

A intervenção do setor de óleo e gás começou com Lula, assim como a expansão do crédito subsidiado e as medidas para estimular setores como a indústria naval. O fracasso imenso custou caro. Não se despreza a incompetência incomparável da gestão Dilma, mas Lula iniciou a agenda equivocada.

TUDO ERRADO – Em 2014, o governo abusou da expansão dos gastos públicos em meio a uma campanha eleitoral em que demonizou a oposição e prometeu uma coisa para depois fazer outra. O resultado foi uma ruptura que inviabilizou a reconciliação política e a reconstrução da economia.

Por tudo isso, surpreendeu a generosidade de Tasso ao estender a mão em um país dividido, onde ambos os lados têm medo da alternativa por boas razões. O PT, porém, optou pela soberba. Arrogou-se senhor da razão em vez de reconhecer seus imensos erros na economia, na falta de condenação da opressão na Venezuela e na opção pela política de balcão.

Tasso fez o gesto que o PT não quis entender. Recusar o seu convite ao diálogo foi mais um exemplo da pequenez que nos trouxe a essa polarização disfuncional e preocupante.

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