PT estaria pior nas pesquisas com Lula solto, afirma o vice de Marina

Eduardo Jorge diz que Mourão é autoritário demais

Dimitrius Dantas
O Globo

O candidato a vice-presidente de Marina Silva, Eduardo Jorge (PV), afirmou nesta sexta-feira que a prisão do ex-presidente Lula contribuiu para a martirização do petista e que, caso ele estivesse solto, o PT estaria em situação pior nas pesquisas. Eduardo Jorge concedeu uma entrevista à rádio “Jovem Pan”. O candidato não questionou a condenação de Lula que, segundo ele, teve ampla defesa e vários advogados. O companheiro de chapa de Marina, no entanto, afirmou que, se “por acaso”, o julgamento tivesse demorado mais, Lula estaria em condições piores que as atuais.

– Se esse julgamento tivesse demorado mais um pouco, ele estaria nas ruas em condições muito piores nas pesquisas do que hoje porque estaria na rua, explicando muitos malfeitos – disse.

VIROU MITO – Na análise feita pelo ex-deputado federal, que foi filiado ao PT até 2003, com a prisão de Lula, o ex-presidente atuou na criação de um mito. “Agora, ele preservado lá, o mito cria-se. Somos um país fundado sob o símbolo da cruz, do martírio. Essa prisão salvou o Lula de estar explicando na rua os malfeitos e os erros do governo dele e da Dilma. Isso explica, inclusive, a preservação dele nas pesquisas” – disse.

A candidata Marina Silva, que ocupava a segunda colocação nos cenários sem o ex-presidente Lula no momento em que sua candidatura ainda era questionada pelo PT nos tribunais, foi a que perdeu mais votos com o início da transferência de votos do petista para Fernando Haddad. No último levantamento divulgado pelo Datafolha, Marina caiu de 16% das intenções de voto para 11%.

AINDA TEM CHANCE – Apesar disso, Eduardo Jorge defendeu as chances da ambientalista. Segundo ele, a população tem adotado uma postura mais inteligente nas últimas eleições, votando estrategicamente no primeiro turno. O candidato a vice também comentou as declarações de outro concorrente ao cargo, o General Mourão (PRTB), companheiro de chapa de Jair Bolsonaro.

Nesta quinta-feira, em Curitiba, Mourão afirmou que uma nova Constituição poderia ser feita sem eleitos pelo povo. Eduardo Jorge ironizou a crescente participação de Mourão na campanha do rival.

– A própria campanha do Bolsonaro já está com medo dele, não é? Parece que ele está querendo dar um golpe no próprio candidato dele.

AUTORITÁRIO – O ambientalista contou que o general o tratou com respeito e educação quando se encontraram durante uma sabatina. Jorge, contudo, afirmou que era perceptível uma formação “muito autoritária” em Mourão.

– O melhor que a gente faz no Brasil é deixar ele aposentado e em casa.

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