Com disputa acirrada, Emmy 2018 acontece nesta segunda

Séries de drama e comédia apresentam temas relevantes para os EUA de hoje

Cena da segunda temporada de 'The handmaid's tale': série é uma das favoritas do Emmy Foto: Divulgação
Cena da segunda temporada de ‘The handmaid’s tale’: série é uma das favoritas do Emmy – Divulgação

POR FABIANO RISTOW

Surpresa: o Emmy está mais imprevisível que o de costume. A cerimônia da 70ª edição, que vai ao ar nesta segunda-feira a partir das 20h, pelo canal TNT, tem tantos pesos-pesados que o resultado é um mistério nas categorias principais — não só pela qualidade artística dos concorrentes, mas também por apresentarem temas relevantes aos Estados Unidos de Donald Trump.

Veja só a seção dramática. Corre o risco de a sombria e difícil “The handmaid’s tale” levar o troféu novamente, a julgar pela grande repercussão da segunda temporada. Houve um episódio em particular que ecoou a crise migratória americana com tanta precisão que o serviço Hulu foi obrigado a inserir na abertura um aviso alertando o espectador sobre a carga dramática da trama. Foi também nesse episódio que Elisabeth Moss ofereceu uma performance feroz e de partir o coração, despontando como favorita ao prêmio. Nem o fato de ela pertencer à sempre polêmica Cientologia deve pesar contra.

Mas os espiões de “The Americans” (Fox) são uma ameaça considerável à distopia baseada na obra de Margaret Atwood, uma vez que a série teve um dos desfechos mais elogiados da História da televisão — e até hoje é vista como obra que não teve o merecido reconhecimento da Academia. Será que chegou a hora de corrigir esse erro?

Só que tem ainda o épico “Game of thrones” (HBO). Tenha você gostado ou não da temporada atual, a série fez bonito no Creative Arts Emmy — a premiação ocorrida no começo da semana que se dedica a categorias técnicas e/ou secundárias — levando sete estatuetas. É uma indicação de que os votantes estão de olho no mundo de Westeros.

Entre as comédias, “The marvelous Mrs. Maisel” (Amazon), que já detém dois Globos de Ouro, até é a favorita. Liderada pela carismática Rachel Brosnahan (a preferida entre as atrizes cômicas, aliás), a série de época fala sobre o papel da mulher na sociedade machista dos anos 1950. Mas enfrenta a ousadia e inteligência de “Atlanta” (FX), com suas contundentes questões raciais. Por fim, alguns veem o humor negro da novata “Barry” (HBO), que surpreendeu críticos e concorre a dez troféus, como um possível azarão.

Como dá para notar, o Emmy deste ano deixa claro que o tempo das comédias que só faziam rir (“Friends”, essa indireta foi para você) ficou para trás. Hoje, elas também precisam fazer pensar.

Por fim, vale uma ponderação sobre a forte presença da Netflix na premiação. Quando a lista de indicados foi anunciada, em julho, talvez você se lembre de um feito histórico: pela primeira vez em 18 anos, a HBO recebeu menos menções do que outra rede — no caso, o serviço de streaming, que teve impressionantes 112 indicações. Mas a noção de que a plataforma prioriza quantidade em vez de qualidade deve prevalecer, pelo menos nas categorias principais. Seu maior trunfo, o drama de época “The Crown”, teve uma segunda temporada elogiada, mas não muito superior à primeira. Idem para o drama “Stranger things”. A aposta está mesmo na minissérie “Godless”, um western feminista estrelado por Michelle Dockery, outra forte concorrente.

 

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