Academia Brasileira de Letras escolhe nesta quinta novo integrante

Nas redes, torcida é por Conceição Evaristo, que pode ser a primeira mulher negra ‘imortal’

Os candidatos à vaga de imortal da ABL Cacá Diegues, Pedro Corrêa do Lago e Conceição Evaristo – Roberto More/Mônica Imbuzeiro/Agência O Globo

POR LUIZA BARROS – O Globo

Completam a lista de candidatos Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, José Carlos Gentili e Evangelina de Oliveira. O escolhido ocupará a cadeira 3, que tem como patrono Castro Alves e já foi de nomes como Euclides da Cunha, além do fundador Valentim Magalhães.

Segundo o presidente da ABL, o poeta e ensaísta Marco Lucchesi, o grande número de candidatos não é uma surpresa.

— Já aconteceu outras vezes. Tivemos também um tempo de inscrição maior, que permitiu que mais candidatos se apresentassem — explica Lucchesi. — O que esperamos de qualquer um que seja escolhido é um espírito público de serviço.

A eleição acontece diante de uma grande mobilização nas redes sociais e dos movimentos negro e feminista pelo nome de Conceição Evaristo. Antes mesmo de formalizar sua candidatura no final de maio, uma petição online em apoio à eleição da escritora reuniu mais de 18 mil assinaturas.

Vencedora do Jabuti por “Olhos d’água”, Conceição é doutora pela Universidade Federal Fluminense. Nascida na favela do Pendura a Saia, em Belo Horizonte, conciliou os estudos com o trabalho de empregada doméstica na juventude.

Durante a última Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), ela também deu gás à “campanha” com participação intensa em debates e eventos na programação paralela do evento.

Se for eleita, a mineira de 71 anos será a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na instituição, fundada em 1897. No Twitter, há um “twittaço” marcado para as 18h com a hashtag #ConceicaoEvaristoNaABL.

Para Lucchesi, a campanha em torno do nome de Conceição demonstra que a Academia é vista como uma instituição representativa para o país.

— A Academia é uma instituição brasileira, não está em Marte ou em Júpiter. E como todas as outras instituições, vive os desafios inerentes em relação à cultura do próprio Brasil. A questão das minorias não é específica da Academia, é do país. É importante e a Academia está perfeitamente aberta a ela — afirma Lucchesi, acrescentando que “a renovação da casa vem apontando para novas horizontes”. — Levamos nossos livros para países africanos, além de termos um projeto que promove a leitura nas prisões.

Apesar da torcida nas redes por Conceição, dentro da ABL, Pedro Corrêa do Lago e Cacá Diegues estão entre os favoritos. Colecionador e editor, Pedro é neto de Oswaldo Aranha, tem 60 anos já foi presidente da Fundação Biblioteca Nacional,além de ter levado um Prêmio Jabuti ao lado da mulher, Bia Corrêa do Lago, com o livro “Coleção Princesa Isabel — Fotografia do Século XIX”.

Já o diretor de “Bye Bye Brasil” (1980) e “Xica da Silva” (1976), de 77 anos era amigo de Nelson Pereira dos Santos e foi convencido por um grupo de imortais a participar do pleito após a retirada da candidatura do escritor Alberto Mussa.

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