Ex-secretário-executivo da Integração acusa ministro de abafar caso suspeito com empresa de TI

Antônio de Pádua ‘teve acesso aos documentos e acobertou’, diz ex-número dois

Mario Ribeiro, que pediu demissão do cargo de cargo de secretario-executivo do Ministerio da Integracao Nacional – Daniel Marenco / Agência O Globo

POR PATRIK CAMPOREZ O Globo

Ex-número dois do Ministério da Integração Nacional até o mês passado, o economista Mário Ramos Ribeiro resolveu deixar a pasta para denunciar o seu superior, o ministro Antônio de Pádua, por supostamente acobertar um esquema milionário de fraudes em contratos de Tecnologia da Informação (TI) no ministério. Encarregado de avalizar as contratações na área, o ex-secretário-executivo descobriu que os seus subordinados estavam fechando negócios suspeitos com empresas de TI sem o seu conhecimento.

Ao tentar exonerar os auxiliares e suspender os negócios, ele esbarrou na atuação do ministro que, em suas palavras, teria “acobertado as irregularidades”. Depois de alertar Pádua por várias vezes sobre a gravidade do caso, ele resolveu agir. Em entrevista ao GLOBO, ele explica os motivos que o levaram a denunciar o ministro e os servidores à Controladoria-Geral da União (CGU).

— O ministério virou caso de polícia. O ministro teve acesso aos documentos e acobertou as irregularidades. Foi a gota d’água — disse ontem Ramos Ribeiro.

Em maio deste ano, O GLOBO revelou o caso da RSX Informática, uma empresa de fachada registrada em um estoque de vinhos em Brasília. Ela havia fechado um negócio milionário para fornecer um programa de computador ao INSS sem licitação e sem possuir qualquer capacidade técnica para cumprir o contrato para o qual fora remunerada em R$ 8,8 milhões. Por ter ignorado alertas da área técnica contrária ao negócio e por ter pago R$ 4 milhões à RSX sem receber qualquer serviço em troca, o então presidente do INSS foi sumariamente demitido pelo governo.

MINISTÉRIO NEGA

A crise começou quando Ramos Ribeiro descobriu que o ministério havia contratado a mesma RSX sem a sua autorização.

— Os contrato na área de TI foram escolhidos porque são complexos. Compraram software sem justificar a necessidade. No dia que descobrir o contrato da RSX, eu disse, ministro, me sinto traído — disse.

A CGU confirmou que investiga o caso. Tanto a assessoria do Ministério da Integração quanto a assessoria da RSX negaram ontem qualquer irregularidade no contrato.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *