Por Múcio Aguiar Neto
Reportagem é a alma do jornal, já dizia Otto Lara Resende. O repórter é o personagem mais importante da imprensa, posto que dele depende a notícia apurada para uma boa matéria, que deve vir com clareza e rica de informações – um contraponto ao que comumente vemos na proliferação de notícias falsas que facilmente são disseminadas em redes sociais. A credibilidade da informação é o futuro do jornalismo. Precisamos repensar a forma como dialogamos com o mundo atual e suas tecnologias.
Saímos do tempo analógico para a solidão digital. Deixamos nossos álbuns de fotografia para termos galerias de imagens que com o toque do dedo corre na tela, e quando necessário são deletadas para obter novo espaço de memória no aparelho, comprovando a pouca representação afetiva, mas apenas um acúmulo de informação visual. A cada informação que captamos no espaço virtual ficamos reféns da superficialidade crítica, e nos afastamos da profundidade que é possível no jornal impresso, e que a cada dia perde sua magia do bom jornalismo intelectualizado – valorizando um jornalismo digital (digitus, palavra latina para dedo, uma vez que os dedos eram usados para contagem discreta), sem identidade, comum também aos espaços físicos dos shoppings e aeroportos globalizados. Perdemos o encanto da notícia, e leitores.
O problema de notícias falsas não é atual, sempre houve na história da imprensa e da escrita, porém, o seu efeito atual é mais nocivo do que antes, em razão da sua rápida proliferação e deve ser diariamente combatido. Hoje, a novidade é a crescente baixa qualidade de profissionais que ocupam as redações, principalmente os jornais regionais, que são fundamentais na formação dos grandes repórteres. A sobrevivência da nossa imprensa tem, no momento, dois pilares: ter bons repórteres leitores, consequentemente a manutenção de sua credibilidade.